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    Governo discute quando avisar que não cumprirá meta de economia

    VALDO CRUZ
    SOFIA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    12/08/2014 02h00

    Diante do ritmo fraco da economia, a equipe da presidente Dilma Rousseff não só admite, reservadamente, que não vai cumprir a meta de economia de gastos prometida para o ano como já discute se e quando o governo deve informar o mercado qual deve ser, de fato, o superavit primário no final de 2014.

    "Vamos ser realistas, em ano eleitoral não será possível atingir a meta", disse reservadamente à Folha um assessor presidencial. Agora, segundo ele, a discussão é sobre o "timing" correto para assumir esta realidade.

    Dentro do governo, uma ala defende que isto ocorra apenas depois das eleições de outubro, para que a oposição não explore politicamente o tema para atacar a presidente na campanha.

    Outra avalia que o ideal seria reconhecer desde já que a frustração com o nível de arrecadação por causa da retração na economia comprometeu a meta de economizar 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano para pagar juros da dívida pública.

    Seria uma forma de recuperar parte da credibilidade perdida na área fiscal. Um interlocutor presidencial lembra que o próprio mercado financeiro já espera que, em ano de eleição, o volume de poupança será menor.

    Um auxiliar acredita que o superavit deve ficar mais perto de 1% do PIB, próximo das previsões do mercado, do que da meta oficial de 1,9%, mesmo com as receitas extraordinárias previstas pelo governo neste segundo semestre.

    Entre elas estão a receita advinda da reabertura do programa de refinanciamento de dívidas federais (Refis) e o leilão da concessão para empresas de telecomunicações da quarta geração (4G) da telefonia celular no país.

    De janeiro a junho, o setor público (União, Estados e municípios) economizou apenas R$ 29,4 bilhões, 29,5% de toda meta fixada para o ano, de R$ 99 bilhões.

    CONFIANÇA

    Segundo assessores, o "remédio da vez é recuperar a confiança" de empresários e consumidores, o que passa pela área fiscal, classificada como a "dor de cabeça atual a ser enfrentada".

    A avaliação é que os agentes econômicos vão compreender a dificuldade na política fiscal neste ano desde que o governo sinalize medidas para o futuro, que garantam uma "robustez fiscal", como costuma dizer a presidente Dilma Rousseff.

    Essa sinalização, na avaliação de setores do governo, será essencial no mínimo logo depois da eleição, já que não é só a dívida bruta que está crescendo; a líquida também começou a dar sinais de alta nos últimos meses.

    A dívida pública bruta subiu de um patamar equivalente a 58% para 58,5% do PIB de maio para junho. Já a líquida passou de 34,6% para 34,9% do PIB. O receio de técnicos é que a piora das contas públicas leve as agências de classificação de risco a rebaixar a nota do Brasil logo após as eleições.

    A inflação é outro problema, embora mais comportada. Para o governo, o único fator que poderia trazer novas pressões é o câmbio.

    Mesmo assim, o governo avalia que os efeitos de uma valorização do dólar sobre a inflação não é direta e imediata, não devendo causar novo repique nos índices de preços neste final de ano.

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