As incertezas envolvendo a corrida presidencial no Brasil após a morte do candidato Eduardo Campos e a queda das ações da mineradora Vale limitaram os ganhos da Bolsa brasileira nesta quinta-feira (14), mas alguns indicadores econômicos divulgados nos Estados Unidos ajudaram a sustentar a alta do principal índice acionário local.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa, fechou com valorização de 0,36%, aos 55.780 pontos.
O cenário político brasileiro continuou pesando na Bolsa brasileira, influenciada pela indefinição em torno do substituto de Eduardo Campos no PSB. "Enquanto não houver uma definição sobre o que vai acontecer em relação à Marina [Silva, que era candidata a vice na chapa do PSB na disputa pela Presidência], depois da morte de Eduardo Campos, a Bolsa deve continuar sofrendo", afirma Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.
"O temor é que Marina não assuma a chapa do partido e saia da disputa, o que poderia dar força para Dilma na corrida pelo Planalto. É tudo especulação, por enquanto. Mas a falta de previsibilidade é ruim para a renda variável. Temos que esperar", ressalta.
Alguns indicadores do exterior, no entanto, ajudaram a dar fôlego à Bolsa. Nos Estados Unidos, os pedidos de seguro-desemprego subiram mais que o esperado, mas analistas avaliam que, mesmo assim, o mercado de trabalho americano continua se fortalecendo. "Alguns indicadores do exterior saíram. No geral, vieram positivos, o que refletiu bem nas Bolsas dos EUA", afirma Wolwacz.
No cenário doméstico, o indicador de vendas no varejo veio abaixo do esperado em junho devido à redução dos dias úteis em função da Copa do Mundo.
O dia também foi de divulgação de balanço do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
No caso do Banco do Brasil, o lucro líquido recorrente, que exclui ganhos e perdas extraordinários, alcançou R$ 3,002 bilhões no segundo trimestre, 14% superior ao registrado em igual período do ano passado.
"O banco mostrou números acima do esperado. O setor financeiro como um todo acabou subindo, na esteira dessa surpresa positiva. É o setor com maior peso na Bolsa. Itaú Unibanco, papel com maior participação no Ibovespa, continua sendo apontado como melhor opção no setor. Mesmo com o desempenho econômico muito fraco, ainda assim conseguimos uma performance forte no setor bancário", ressalta o diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.
As ações do Banco do Brasil encerraram o dia com a maior alta do Ibovespa, após avançarem 3,65%, a R$ 28,66. Os papéis do Itaú subiram 1,81%, a R$ 35,23, e os do Bradesco fecharam com avanço de 2,98%, a R$ 35,65.
Na outra ponta, os papéis preferenciais da Petrobras –mais negociados– fecharam com queda de 0,48%, a R$ 18,60, enquanto os ordinários –com direito a voto– caíram 0,17%, a R$ 17,48.
Já as ações preferenciais da mineradora Vale tiveram queda de 2,15%, a R$ 27,26, enquanto as ordinárias fecharam com desvalorização de 2,39%, a R$ 30,59. Os papéis foram afetados pela queda do preço do minério de ferro da China, porque cerca de metade das exportações da Vale dessa commodity tem como destino o país asiático. Uma desaceleração da economia chinesa provoca o receio de que as vendas da empresa brasileira sejam afetadas.
CÂMBIO
No mercado cambial, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com queda de 0,16%, para R$ 2,271. O dólar comercial, usado no comércio exterior, encerrou a sessão com desvalorização de 0,43%, a R$ 2,269.
O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swap (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 199 milhões.
A autoridade também promoveu, no final da manhã, outro leilão no qual rolou 10 mil contratos de swap para rolagem dos contratos que vencem em setembro. Ao todo, o BC já rolou cerca de 40% do lote total, que corresponde a US$ 10,070 bilhões.
