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    Presidente da Argentina acusa empresa de fazer terrorismo

    FELIPE GUTIERREZ
    DE BUENOS AIRES

    14/08/2014 20h45

    A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou que irá aplicar uma lei antiterrorismo do país contra uma empresa que encerrou as atividades. O governo denunciou a gráfica Donelly, que fechou as portas nessa semana e demitiu 400 pessoas, de ter quebrado não por razões financeiras, mas para gerar temor.

    "Quando começamos a indagar qual era a situação patrimonial da empresa e era boa. Não tinha dívidas com o fisco, mas pediu a quebra na sexta (8). Na segunda (11) sai o auto da quebra. Quebra express", ironizou.

    Ela afirmou que no mesmo dia, o fundo BlackRock, que é dono de parte da Donelly, fez uma apresentação à SEC (órgão da comissão de valores mobiliários dos EUA) na qual afirmou que solicitou a quebra "devido a condições insustentáveis na Argentina".

    Segundo Cristina, o fisco afirma que não havia crise na empresa, que houve uma troca de diretores há 30 dias e que isso indicava uma preparação. Segundo ela, o BlackRock comprou as ações da Donelly de um outro fundo: o NML, com o qual o país está em litígio.

    Antes, a presidente havia citado uma nota do outro fundo com o qual o país briga na Justiça dos EUA, o Aurelius.

    Ela lembrou que o texto terminava dizendo que, para a Argentina, o pior está por vir. "Eu gostaria de saber o que seria isso. Essa é uma ameaça a todos os argentinos e deveríamos nos dar conta disso. Coincidentemente, apesar de eu não acreditar em coincidências, houve a história de uma empresa que colocou 400 trabalhadores na rua. Querem semear o pânico com fechamento de fábricas", afirmou.

    TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

    Na quarta (13), o Aurelius emitiu uma nota na qual afirma que as negociações entre partes privadas para achar um fim ao impasse da dívida argentina não progrediu. A presidente aproveitou isso para rebater críticas contra ela e o ministro da Economia, Axel Kicillof, que foram acusados de serem pouco hábeis ao negociar.

    "Eles [os fundos NML e Aurelius] não querem acertar. É uma decisão política de querer a endividar a Argentina e acabar com a reestruturação da dívida soberana. Essa é a verdadeira questão", afirmou.

    Pelo discurso de Cristina, o projeto é endividar a Argentina em troca dos seus recursos energéticos. "O panorama no Oriente Médio é complicado e tende a se complicar cada vez mais. Se eu sou a primeira potência do mundo, quero que a rota da energia não tenha conflitos", completou.

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