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    Economia brasileira recua 1,48% em junho, aponta índice do BC

    DE SÃO PAULO
    DE BRASÍLIA

    15/08/2014 09h01

    O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 1,48% em junho sobre maio, fechando o segundo trimestre deste ano com queda de 1,20% e indicando que a economia brasileira pode ter entrado em recessão no primeiro semestre do ano.

    No primeiro trimestre, o IBC-Br recuou 0,02% em relação aos três meses anteriores, número revisado nos dados divulgados nesta sexta-feira (15). Anteriormente, havia sido informado alta de 0,03% para o período.

    Ao mostrar dois trimestres seguidos de contração, a economia entra em recessão técnica. O resultado de junho veio pior do que o esperado em pesquisa Reuters, cujas projeções indicavam recuo mensal de 1,30%.

    O indicador já foi considerado uma "prévia" do PIB (Produto Interno Bruto), mas deixou de ser usado desta forma, já que os resultados podem não ser próximos aos do IBGE.

    O governo, contudo, discorda da interpretação, já que as metodologias usadas pela autoridade monetária e pelo instituto são diferentes e os números podem divergir. O resultado oficial do PIB será divulgado no dia 29 de agosto pelo IBGE.

    A queda de junho do indicador foi a quinta seguida na comparação mensal, com contrações de 0,8% e 0,01% em maio e em abril, respectivamente.

    Foi também o pior resultado mensal desde maio do ano passado.

    Na comparação com junho de 2013, a queda no IBC-Br é de 2,68%. Em 12 meses, tem alta de 1,41%.

    PERDA DE FORÇA

    Os números são mais uma indicação de perda de força da economia brasileira no segundo trimestre, já sinalizada pelos resultados do varejo e da indústria que, respectivamente, recuaram 2% e 0,6% sobre o primeiro trimestre.

    As expectativas dos especialistas, ouvidos na última pesquisa Focus do BC, são de que o PIB crescerá apenas 0,81% em 2014, bem aquém dos 2,5% vistos em 2013.

    A pesquisa do Focus desta semana foi a 11ª seguida em que os economistas rebaixaram as previsões para a alta do PIB.

    O cenário deste ano, em que a presidente Dilma Rousseff busca a reeleição, também envolve inflação e juros elevados, além de baixa confiança dos agentes econômicos.

    A corrida eleitoral vem fazendo com que empresários represem investimentos à espera da decisão sobre o perfil do novo governo.

    Além disso, a realização da Copa do Mundo fez com que número de dias úteis em junho fosse menor. Os dois fatores influenciaram a queda na atividade econômica, segundo a consultoria econômica Tendências.

    Os analistas ainda esperam que a economia continue fraca até o final de 2018.

    De acordo com a economista Alessandra Ribeiro, sócia da consultoria, sinais de desaceleração na economia já são vistos desde março e o torneio acabou sendo a "cereja do bolo".

    "Ainda que haja um cenário externo desfavorável, você tem uma trajetória de enfraquecimento da economia ligada a desequilíbrios gerados por uma política econômica equivocada. As distorções estão batendo agora. A conta chegou", diz.

    Editoria de Arte

    PIB

    Os dados oficiais do IBGE são de que o PIB cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre sobre os últimos três meses de 2013. Mas boa parte dos analistas não descarta a possibilidade de que esse número seja revisado para mostrar contração, com a divulgação do resultado do PIB do segundo trimestre, marcada para o próximo dia 29.

    O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou nesta sexta que não é correto afirmar que a variação do PIB do Brasil foi negativa no segundo trimestre tendo como base o IBC-Br.

    O diretor, que participa de seminário em São Paulo, afirmou que a projeção do BC para o PIB é a que consta no Relatório de Inflação, que é de 1,6% para 2014.

    O PIB do segundo trimestre será divulgado no dia 29 de agosto.

    "O PIB medido pelo IBGE para o segundo trimestre deve ser negativo, mesmo que não dessa magnitude. E há risco do instituto revisar o primeiro trimestre para baixo. Se isso acontecer, são dois trimestres consecutivos de queda, o que, no jargão, seria recessão técnica", diz Alessandra Ribeiro.

    Com agências de notícias

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