• Mercado

    Thursday, 02-May-2024 10:06:41 -03

    Ação da Petrobras tem maior alta em 10 semanas com especulação política

    ANDERSON FIGO
    DE SÃO PAULO

    15/08/2014 17h33

    Especulações sobre como ficará a corrida eleitoral após a morte do candidato Eduardo Campos (PSB) impulsionaram as ações da Petrobras nesta sexta-feira (15), que registraram seu melhor desempenho diário em 10 semanas, sustentando o principal índice da Bolsa brasileira no azul.

    Os papéis preferenciais –mais negociados e sem direito a voto– da gigante estatal terminaram o pregão com valorização de 7,85%, valendo R$ 20,06 cada um. Foi o maior avanço desde 6 de junho, quando ganhou 8,33%. Já as ações ordinárias da petroleira, com direito a voto, subiram 7,78%, a R$ 18,84.

    Com isso, o Ibovespa encerrou a sexta-feira em alta de 2,12%, aos 56.963 pontos. Foi o segundo avanço seguido do índice, que contribuiu para que ele fechasse a semana com valorização de 2,50%. Assim, interrompeu uma sequência de duas perdas semanais.

    O volume financeiro movimentado no dia ficou em R$ 6,931 bilhões –acima da média diária no mês de agosto, de R$ 5,995 bilhões.

    EFEITO MARINA

    Segundo analistas ouvidos pela Folha, a avaliação do mercado é que aumentaria muito a probabilidade de haver segundo turno na eleição presidencial de outubro se Marina Silva assumisse a liderança da chapa que era de Campos pelo PSB.

    "Ela tem uma força política muito maior que a de Campos. Um segundo turno reduz a chance de vitória da presidente Dilma Rousseff [PT], o que agrada aos investidores", diz Filipe Machado, analista da Geral Investimentos.

    O mercado constantemente tem demonstrado insatisfação com a forma em que o atual governo tem gerido as estatais, especialmente em relação à demora para reajustar os preços dos combustíveis, no caso da Petrobras.

    "Por isso, uma possível troca de governo dá ânimo à Bolsa. A alta das ações da Petrobras também foi estimulada pela proximidade do vencimento de opções, na segunda-feira", completa Machado.

    Em relatório, o analista Roberto Altenhofen, da consultoria Empiricus Research, citou um resumo do que tem sido ouvido de investidores, representantes de empresas listadas e gestores de recursos em geral.

    De acordo com a análise, "Marina é uma incógnita em alguns pontos, mas a percepção inicial do mercado é de que traz uma equipe econômica gabaritada e seus conselheiros estão mais à direita do que a situação. Além disso, teria de aceitar alguns termos do PSB para a efetivação de sua campanha (e vice-versa), o que amenizaria as suas posições mais radicais."

    Outro ponto mencionado é que agrada o fato de Marina ter defendido o "tripé econômico" em evento junto a representantes do mercado de capitais. "Falamos isso ainda com o devido respeito que a situação exige e alertamos para a persistência de um elevado nível de incerteza", completa o analista.

    AÇÕES

    Além da Petrobras, outros importantes papéis do Ibovespa colaboraram para o bom desempenho do índice nesta sexta-feira. As ações do Itaú Unibanco, por exemplo, subiram 1,48%, para R$ 35,75. Esses são os papéis com o maior peso dentro do Ibovespa, de 9,973%.

    Outras empresas do setor financeiro também subiram, como a BM&FBovespa (+4,36%) e a ação preferencial do Bradesco (+1,40%). Já o Banco do Brasil viu seus papéis se valorizarem 1,88%, para R$ 29,20 cada um.

    Quem liderou a ponta positiva do Ibovespa foi a MRV, com ganho de 7,12%, a R$ 7,82. A empresa divulgou lucro acima do esperado no segundo trimestre e informou que espera redução nos níveis de cancelamentos de contratos de vendas de imóveis nos próximos meses.

    Em sentido oposto, a BRF encabeçou as maiores perdas do Ibovespa nesta sexta-feira, com baixa de 1,69%, a R$ 57,45. A empresa de alimentos informou que seu presidente Claudio Galeazzi manifestou interesse em antecipar o início de seu processo de sucessão e permanecerá no cargo somente até 31 de dezembro deste ano.

    CÂMBIO

    No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou praticamente estável, com ligeira desvalorização de 0,04% sobre o real, cotado em R$ 2,270 na venda. Na semana, houve queda de 1,20%. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,22% no dia e 1,01% na semana, para R$ 2,264.

    Segundo operadores, dados mistos divulgados nos EUA hoje afastaram a possibilidade de o Federal Reserve (banco central americano) antecipar a alta dos juros naquele país. Um aumento, segundo as avaliações, deve estimular a volta aos EUA de investimentos hoje alocados nos emergentes, pressionando o câmbio.

    O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swap (operação que equivale à uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 198,9 milhões.

    A autoridade realizou ainda um novo leilão para rolar 10 mil contratos de swap com vencimento previsto para 1º de setembro, por US$ 493,4 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 45% do lote total de papéis com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

    Folhainvest

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024