A Telecom Italia, dona da TIM, está concluindo sua proposta de compra da GVT, que pertence ao grupo de mídia francês Vivendi, que conquistou 4% das receitas no país atendendo 153 cidades.
A Folha apurou que a oferta chegará a € 7 bilhões -20% em ações da Telecom Italia e a diferença em papéis da TIM no Brasil. Com a transação, TIM e GVT no país se fundem.
Caso se confirme, a proposta da operadora italiana pela GVT superará em € 300 milhões a da Telefónica, que fez uma oferta de € 6,7 bilhões há cerca de dez dias.
Desse total, a companhia espanhola pretende pagar € 4 bilhões em dinheiro à vista, e a diferença (€ 2,7 bilhões), em ações da Vivo emitidas após a fusão da Vivo com a GVT. Caso prefira, a Vivendi poderá receber 8,3% do valor (€ 1,11 bilhão) em ações da Telecom Italia que hoje pertencem à Telefónica.
Os italianos têm até terça-feira para enviar sua proposta. A Telefónica também pode melhorar a sua até lá. Na quarta-feira, o conselho de administração da Vivendi se reúne para analisar as ofertas que podem definir o rumo da GVT no Brasil.
A Telecom Italia pretendia entregar sua oferta nesta semana, mas passou mais tempo avaliando as sinergias (economias) resultantes da fusão entre a GVT e TIM.
Os italianos acreditam que, mesmo sem envolver pagamento em dinheiro, sua proposta será mais vantajosa, porque prevê a criação de uma empresa maior e com mais potencial de ganhos de receita para a Vivendi na distribuição de conteúdos, sua principal fonte de receita.
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A Vivendi é dona dos estúdios de cinema Universal e da produtora Canal+, gigantes internacionais nesse ramo.
Além disso, ao oferecer 20% em ações da Telecom Italia (matriz), a companhia italiana está dando poder de decisão em seus negócios.
Embora a Telecom Italia tenha plataformas digitais de transmissão de conteúdos, esse é um mercado a ser explorado. Menos de 30% dos domicílios italianos têm TV paga. Por isso, esse seria um potencial para a Vivendi.
CONCORRÊNCIA
O foco do grupo francês de mídia está na distribuição de conteúdos na Europa e nos EUA. Por isso, a empresa acredita que faz sentido participar de uma empresa que controle a plataforma de distribuição (operadora) em algum desses locais.
Pessoas próximas à negociação consideram que a oferta da Telefónica não oferece essa oportunidade. Os espanhóis topam dar ações da Vivo (pós-fusão com a GVT) e um pedaço da Telecom Italia.
Com 8,3% das ações da operadora italiana, a Vivendi teria pouco poder de decisão no conselho da companhia e os ganhos estariam concentrados na operação brasileira (Vivo com GVT).
Outro ponto desfavorável aos espanhóis é que a Vivendi vendeu diversas empresas de telecomunicações e reduziu seu endividamento. Ou seja: ela já tem caixa.
Por outro lado, analistas acreditam que, ao vender a GVT para a Telefónica, a Vivendi poderia usar parte dos recursos para comprar a fatia da própria Telefónica na Telecom Italia.