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    Micro e pequenas empresas de SP têm menor crescimento desde 2009

    DE SÃO PAULO

    18/08/2014 14h03

    Com o baixo desempenho da economia e a inflação persistente, as MPEs (micro e pequenas empresas) paulistas tiveram, em 2014, o pior primeiro semestre desde 2009, quando ainda sentiam os efeitos da crise econômica global.

    O faturamento das empresas aumentou 0,8% nos primeiros seis meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2013 (já descontada a inflação), segundo o Sebrae-SP.

    O resultado representa uma forte desaceleração das empresas. No primeiro semestre do ano passado, o crescimento havia sido de 3,6% em relação a 2012.

    A receita das MPEs foi de R$ 285,4 bilhões no primeiro semestre, valor R$ 2,4 bilhões acima que no mesmo período do ano passado.

    Em junho, a receita foi de R$ 45 bilhões, 1,9% inferior ao mesmo mês de 2013.

    SALÁRIOS

    Para a economista e consultora do Sebrae-SP Letícia Aguiar, o desempenho das empresas é reflexo da economia fraca e dos menores aumentos reais de salários. Apesar de ter algum impacto sobre o custo das micro e pequenas empresas, que são também empregadores, Aguiar afirma que os salários têm peso sobre o consumo.

    "Nós pesquisamos a variável rendimento, que seria o gasto dos empregados nas empresas. No ano, o indicador tem tido uma relativa estabilidade. Mas o aumento menor de salários reais está diminuindo a demanda interna, isso acaba tendo um reflexo negativo na micro e pequena empresa."

    O setor de comércio sofreu com uma queda de 1,9% no faturamento, na comparação entre os primeiros semestres deste ano e de 2013. Na indústria, a queda foi de 2,9% na mesma base de comparação. Serviços foi o único setor com variação positiva, de 5,5%. No ano passado, todos os três setores registraram alta no faturamento.

    COPA

    Tanto a indústria quanto o comércio sofreram com o menor número de dias úteis durante a Copa do Mundo. Para Aguiar, o evento que tomou parte dos meses de junho e julho parece ter tido um efeito ambíguo nos três setores das PMEs, já que aumentou a demanda por transporte, alimentação e alojamento, mas, ao colocar tudo na balança, é possível perceber o prejuízo causado à indústria e ao comércio.

    Em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do UOL, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, definiu o fraco o crescimento da economia brasileira no primeiro semestre como "pequeno" e "moderado" -e joga parte da responsabilidade sobre a Copa do Mundo.

    "[A Copa] foi um sucesso do ponto de vista de organização. Do ponto de vista da produção e do comércio, prejudicou", avaliou Mantega.

    "[Durante o evento] tivemos muito poucos dias úteis. A produção industrial caiu e o comércio cresceu pouco (...). De fato, não foi um bom resultado", afirmou.

    CENÁRIO

    O baixo desempenho do segmento em São Paulo está em linha com a deterioração demonstrada por indicadores como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que recuou 1,48% em junho sobre maio, fechando o segundo trimestre deste ano com queda de 1,20% e indicando que a economia brasileira pode ter entrado em recessão no primeiro semestre do ano.

    Os números são mais uma indicação de perda de força da economia brasileira no segundo trimestre.

    As expectativas dos especialistas, ouvidos na última pesquisa Focus do BC, são de que o PIB crescerá apenas 0,79% em 2014, bem aquém dos 2,3% vistos em 2013.

    Mas mesmo com o cenário indicando que o ano deve fechar com a economia em baixa, a expectativa dos proprietários das Micro e Pequenas Empresas não é tão pessimista.

    A proporção dos donos de MPEs paulistas que esperam piora no faturamento da empresa nos próximos seis meses caiu de 8% em julho de 2013 para 6% no mesmo mês deste ano. A proporção de donos que espera que o faturamento melhore ficou estável, em 26%. Já entre os que esperam estabilidade, a porcentagem foi 55% em julho do ano passado para 59% em 2014.

    A expectativa dos empresários em relação ao segundo semestre se explica também pelo calendário. De acordo com a economista do Sebrae-SP, o varejo espera se beneficiar com as vendas dia das crianças e do natal, comemorações importantes para o setor e que se concentram nos últimos seis meses do ano. Além disso, acredita-se que a pressão inflacionária vá arrefecer.

    Entretanto, Aguiar explica que um segundo semestre melhor não deve alcançar a indústria, que ainda sofre com problemas de competitividade.

    Sobre o setor de serviços, ela diz ser difícil cravar uma previsão. "Serviços é um pouco ambíguo. A partir do momento que a economia não vai bem, o segmento de transportes pode não ser tão bom porque a indústria é o principal setor que usa transporte para cargas", explica.

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