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    Citricultores apostam em suco integral e laranjas descascadas para frear crise

    CAMILA TURTELLI
    DE RIBEIRÃO PRETO

    21/08/2014 02h00

    Suco integral sem conservante e laranjas já descascadas são as apostas de pequenos produtores do interior de São Paulo para enfrentar a crise da citricultura, que atinge sobretudo a agricultura familiar com safras elevadas, avanço de doenças nos pomares e perda de renda.

    A Cooperfam (Cooperativa Familiar) de Bebedouro lançou neste mês seu suco de laranja após os cooperados desistiram de fornecer laranjas às grandes indústrias por causa da baixa remuneração.

    Integral, sem adição de açúcar e conservante, o suco é vendido em embalagem longa vida e tem como apelo o selo da agricultura familiar, criado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

    Encontrado hoje só no shopping rural de Bebedouro, o suco é objeto de planos de expansão. Entre eles, está a ideia de vendê-lo com a laranja descascada para prefeituras e Estados incluírem na merenda escolar e em refeições de presídios.

    Edson Silva/Folhapress
    O produtor Arnaldo Hernandez serve suco das laranjas de seu pomar em Bebedouro (SP)
    O produtor Arnaldo Hernandez serve suco das laranjas de seu pomar em Bebedouro (SP)

    Segundo o presidente da Cooperfam, Claudionor Gianello, o processo da laranja descascada é feito por uma empresa terceirizada e ocorre em atmosfera controlada e estéril. A fruta é embalada a vácuo e mantida em uma temperatura de até 5º C para que possa durar até 15 dias.

    "Via cooperativa conseguimos receber até R$ 11 por caixa de laranja", disse o cooperado Arnaldo Hernandez, 63.

    Em 2013, ele chegou a vender a caixa a R$ 2. Já em 2012, a produção nem foi vendida, porque o valor pago pela indústria não compensava –o ideal é o valor da caixa superar R$ 17,50, diz o presidente da Associtrus (associação dos citricultores), Flávio Viegas.

    Há iniciativas similares, como a da Coagrosol, de Itápolis, criada em 2000. Seu principal produto é o suco integral Direto da Fruta, que visa exportação mas também é vendido no mercado interno.

    Os 360 produtores da Coagrosol também têm alcançado o preço R$ 11 por caixa. Segundo o vice-presidente da associação, Ronaldo Vicentin, a estimativa é que em três anos consigam superar o valor do custo de produção.

    "Agregar valor ao produto é uma excelente alternativa para o pequeno produtor", disse o diretor-executivo da Citrus BR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), Ibiapaba Netto.

    Os citricultores aguardam a avaliação do governo federal de um pedido de isenção de impostos na produção de sucos integrais, o que reduziria o preço ao consumidor.

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