• Mercado

    Monday, 29-Apr-2024 10:24:25 -03

    Petrobras pagará US$ 434 mi extras à Bolívia por excedente energético

    FABIANO MAISONNAVE
    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    19/08/2014 02h00

    Após mais de sete anos de impasse, a Petrobras e a Bolívia chegaram a um acordo pelo qual a estatal brasileira pagará US$ 434 milhões pelo envio de excedente energético do gás natural exportado ao Brasil.

    O pagamento foi imposto à Petrobras pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 15 de fevereiro de 2007, durante visita do colega Evo Morales ao Brasil.

    Na época, Lula justificou a medida, que enfrentava resistência da Petrobras, como ato de "generosidade" e de "solidariedade". Antes, Morales havia se recusado a deixar o prédio do Itamaraty caso não houvesse um acordo sobre o chamado "gás rico".

    O acordo final foi bastante celebrado nesta segunda (18) por Morales, que está em plena campanha de reeleição –o pleito será em outubro.

    Agência Boliviana de Información/Efe
    Carlos Villegas (YPFB) e José Alcides Santoro (Petrobras)
    Carlos Villegas (à esq.), da estaval boliviana YPFB, e José Alcides Santoro, da Petrobras

    O presidente boliviano fez pessoalmente o anúncio, em Santa Cruz, que contou com a presença do diretor de Gás e Energia da Petrobras, José Alcides Santoro.

    Em discurso, ele afirmou que a dívida da Petrobras até o ano passado chegou a US$ 457 milhões, mas, por causa de multas contra a Bolívia por problemas de fornecimento, o total a ser pago é de US$ 434 milhões.

    Por sua vez, Santoro disse que a Petrobras aprendeu a respeitar a estatal boliviana YPFB pela "responsabilidade e confiança" no fornecimento de gás, segundo a agência de notícias Efe.

    O acordo faz a Petrobras pagar mais pela mesma quantidade de gás comprado, 30 milhões de metros cúbicos diários. Mas a Bolívia argumenta que o gás fornecido, por causa de sua composição química (gás rico), produzia uma quantidade de energia maior que a necessária para o uso industrial no Brasil.

    Desde que a promessa de pagar pelo gás rico foi feita por Lula, houve resistência dentro da Petrobras.

    Segundo apurou a Folha, o departamento jurídico da estatal chegou a recomendar que o pagamento fosse evitado, o que vinha ocorrendo.

    A Petrobras realizou só um repasse à Bolívia, de US$ 100 milhões, em 2010, mas interrompeu os pagamentos, o que gerava frequentes reclamações do governo boliviano, inclusive do próprio Evo.

    Em um evento em fevereiro, o boliviano cobrou o presidente da Petrobras Bolivia, Erick Portela. "A Petrobras tem uma 'dividazinha' conosco. Tem que nos pagar. Não é possível que nos pechinche esse valor."

    Sob a condição de anonimato, técnicos da estatal da área de gás disseram que a demanda da Bolívia não faz sentido tecnicamente.

    Na avaliação deles, a Petrobras está pagando duas vezes pelo mesmo produto, já que o poder calorífico do gás é previsto em contrato e o produto não chegava separado das outras moléculas ao país.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024