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    Fed vai alertar sobre mudanças na política monetária antes de subir juros

    MICHAEL MACKENZIE
    GINA CHON
    DO "FINANCIAL TIMES"

    20/08/2014 17h19

    O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vai oferecer maiores detalhes sobre a normalização da política monetária muito antes que as taxas de juros subam, enquanto as autoridades debatem a força do mercado de trabalho dos Estados Unidos, de acordo com as minutas da reunião de julho do comitê de open market do banco central.

    Os membros do comitê em geral expressaram apoio a propostas delineadas por funcionários do Fed para implementar e comunicar políticas monetária assim que o comitê começar a apertar sua postura quanto à política monetária.

    "Os participantes concordaram em que o comitê deveria fornecer informação adicional ao público com relação aos detalhes da normalização muito antes que a maioria dos participantes antecipe que se tornem apropriados os primeiros passos na redução da política de acomodação", informam as minutas sobre a reunião do comitê.

    As minutas enfatizam "a importância de comunicar um plano claro e ao mesmo tempo apontam para a importância de manter a flexibilidade, de modo que possam ser realizados ajustes na abordagem de normalização à medida que a situação muda e à luz da experiência".

    MERCADO DE TRABALHO

    O catalisador para uma política monetária mais dura será o desempenho do mercado de trabalho, que o Fed declarou estar demonstrando força surpreendente este ano.

    As minutas sobre a reunião de junho revelam que as autoridades monetárias acreditam que o mercado de trabalho melhorou em ritmo superior ao esperado. Mas os integrantes do comitê continuam preocupados sobre "os níveis ainda elevados de desemprego de longo prazo e de trabalhadores trabalhando em tempo parcial por motivos econômicos, bem como com a baixa participação na força de trabalho".

    Joshua Shapiro, economista chefe da MFR para o mercados dos Estados Unidos, disse que as minutas da reunião do comitê apontavam para linha mais dura em médio prazo.

    "No entanto, como sempre, o fluxo de dados será o principal determinante quanto ao momento e ritmo do aperto; crescimento mais forte que o esperado levará a ação mais cedo, e crescimento mais fraco provavelmente manterá as coisas em suspenso por ainda mais tempo", acrescentou

    Os rendimentos dos títulos do Tesouro prolongaram sua alta depois da divulgação das minutas; a nota de dois anos do Tesouro, um instrumento financeiro politicamente sensível, registrou rendimento de 0,47%, ante 0,44% antes das minutas. O dólar também se firmou, enquanto o índice S&P 500 reduziu seus ganhos e registrou alta de 0,1%.

    CONFERÊNCIA

    Embora a divulgação das minutas, quarta-feira, seja importante, elas são retrospectivas. Os analistas estão ávidos por ouvir o que Janet Yellen, presidente do Fed, dirá na sexta-feira na conferência de política monetária de Jackson Hole, Wyoming.

    Yellen deve falar sobre os mercados de trabalho, um indicador crucial sobre o momento em que o Fed deve começar a elevar as taxas de juros.

    As autoridades monetárias diferiram em sua avaliação quanto à frouxidão que ainda resta no mercado de trabalho e sobre como medir esse fator.

    As minutas apontam que "muitos participantes continuam a ver disparidade maior entre as atuais condições do mercado de trabalho e condições compatíveis com suas avaliações quanto a níveis normais de utilização de mão de obra do que indica a diferença entre o nível de desemprego e as estimativas quanto ao seu nível normal em longo prazo".

    Mas o impressionante ritmo anualizado de crescimento de 4% registrado pela economia no segundo trimestre levou alguns economistas a defender que o Fed eleve os juros mais cedo.

    As minutas também sugerem que as autoridades antecipam alta lenta nas pressões de preços, apontando que "diversos participantes continuam a acreditar que inflação deve voltar a se aproximar do objetivo do comitê com muita lentidão, o que justifica a manutenção de uma política altamente acomodatícia, desde que a inflação projetada fique abaixo dos 2% e as expectativas de inflação de longo prazo estejam bem ancoradas".

    Na mais recente reunião do Fed, Charles Plosser, presidente do Federal Reserve Bank de Filadélfia, foi o primeiro a dissentir quanto a manter baixos os juros, argumentando que houve "considerável progresso econômico".

    Julho foi o sexto mês consecutivo em que a criação de empregos nos Estados Unidos ultrapassou os 200 mil postos, mas esse ritmo sólido de crescimento se desacelerou depois de junho e não reflete o ritmo acelerado de melhora que colocaria o Fed sob pressão. O crescimento dos salários também continua estagnado, o que decepcionou as autoridades monetárias.

    Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), também deve falar em Jackson Hole. Os investidores estarão atentos a qualquer menção da possibilidade de uma política de relaxamento quantitativo ao modo dos Estados Unidos, que vem sendo debatida na Europa mas que o BCE até o momento vem se recusando a adotar.

    O Fed também reduziu suas aquisições mensais de ativos na reunião no mês passado de US$ 35 bilhões a US$ 25 bilhões - o que está em linha com sua intenção de encerrar de vez as compras de títulos sob o programa de relaxamento quantitativo em outubro.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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