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    Ex-presidente da Zara volta ao mercado de moda após sete anos

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    21/08/2014 02h00

    O ex-presidente da Zara Pedro Janot volta ao mercado de moda depois de sete anos fora do setor.

    Após ter trazido a varejista espanhola ao Brasil, em 1998, Janot deixou a rede em 2007 e ingressou no projeto de fundação da companhia aérea Azul, onde ficou até 2012, quando um acidente a cavalo o deixou tetraplégico e o afastou do cargo executivo.

    Ainda na cadeira de rodas, mas em tratamento para restabelecer os movimentos, volta agora ao varejo de moda -desta vez, com sua própria companhia, a Contravento, que lança nesta semana.

    A empresa começa a operar em parceria com uma rede de moda -cujo nome ele não revela- com mais de 200 pontos de venda em shoppings e comércio de rua.

    A Contravento surge de uma sociedade com ex-executivos da Zara no Brasil e na Espanha e atuará em grandes cadeias varejistas, colocando seus profissionais dentro da operação das redes clientes para executar processos de gestão de estoque e corrigir falhas ligadas a fornecimento, distribuição e prazos.

    "Também vamos treinar equipes internas para multiplicar nossos processos", diz.

    Fabio Braga/Folhapress
    O ex-presidente da Zara e um dos fundadores da empresa de aviação Azul, Pedro Janot, em sua casa em SP
    O ex-presidente da Zara e um dos fundadores da empresa de aviação Azul, Pedro Janot, em sua casa

    Campeão de barco a vela no passado, Janot diz que o nome da empresa remete às dificuldades do velejador, que ele equipara às enfrentadas pelo setor de moda no país, não só pelas adversidades logísticas, burocráticas e tributárias mas por uma questão cultural que afeta as relações com fornecedores e demais agentes da cadeia.

    "Estamos na época do carvão no Brasil, não no sentido criativo, mas no de técnica, disciplina e método", diz.

    Janot é favorável à opção de ter produção própria em parte do "fast fashion" (em que as coleções são renovadas rapidamente), para dar agilidade ao negócio, reduzindo a dependência da terceirização.

    Segundo ele, os varejistas podem, sim, ter uma filosofia dura de fiscalização dos fornecedores para combater o uso de mão de obra em condições precárias no setor.

    "Para competir com a China, o Brasil 'sexterizou' a produção, mas é preciso ter controle de toda a cadeia. Hoje existem inspetores responsáveis por fiscalizar as confecções piratas."

    Entre outras deficiências culturais que atrapalham o varejo de moda brasileiro, ele cita a casualidade das políticas de troca, que prejudicam o consumidor final, e a falta de padronização de tamanhos no vestuário, que também atrapalha a evolução do comércio eletrônico.

    "Muitas vezes, dentro da mesma loja, os números não seguem o padrão em diferentes modelos de calças. Como é possível vender on-line esse tipo de produto?"

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