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    Julho tem a pior criação de vagas em 15 anos; é 'fundo do poço', diz ministro

    SOFIA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    21/08/2014 14h24

    O país registrou o menor saldo de criação de vagas de trabalho com carteira assinada para julho desde 1999.

    O total de empregos formais gerados no mês foi de 11.796, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Ministério do Trabalho.

    O saldo de criação de vagas é 71,5% inferior ao de julho do ano passado, quando foram geradas 41,5 mil vagas.

    O resultado de junho já havia sido ruim. Naquele mês, o total de vagas criadas (25.363) foi o pior para o mês desde 1998.

    De janeiro a julho, foram criados 632,2 mil novos postos no país. Os dados fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

    O número de julho é a diferença entre 1,746 milhão de contratações e 1,735 milhão de desligamentos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    FUNDO DO POÇO

    Para o ministro do Trabalho, Manoel Dias, o país chegou ao "fundo do poço", mas a partir de agosto haverá uma retomada do ritmo de criação de empregos.

    Ele defendeu que o país continua criando vagas, ao contrário de muitos países no mundo, que sofreram forte impacto no mercado de trabalho em decorrência da crise.

    Julho é o quarto mês seguido com fechamento de vagas na indústria de transformação. No mês, houve uma queda de 15,4 mil postos no saldo de vagas nesse setor. Segundo Dias, o governo ainda espera que o ano termine com saldo positivo de vagas nesse setor.

    "Nos meses de maio e junho, a desaceleração da indústria levou à redução das contratações e aumento das demissões. Em junho tivemos decréscimo, redução do número de trabalhadores dispensados. Esperamos que agora, no Caged de agosto, ele venha positivo."

    Outros setores que puxaram o fraco desempenho foram o de ensino, com menos 3.219 vagas, e o de serviços de alojamento e alimentação, com menos 1.231 postos –baixa registrada no mês de encerramento da Copa do Mundo.

    O ministério justifica que as férias escolares justificam o resultado do setor de ensino.

    Os setores de serviço e agricultura foram os que mais contribuíram para o saldo de contratações do mês, com a criação de 11,9 mil e 10 mil vagas, respectivamente.

    As regiões que puxaram a criação de vagas no país foram Norte (9.438 novos postos), Centro-Oeste (6.324) e Nordeste (6.013 vagas).

    RÚSSIA

    Segundo Dias, há expectativa de criação de até 10 mil vagas em frigoríficos em Santa Catarina para atender à demanda da Rússia, que tem feito boicote ao produto vindo de países europeus e Estados Unidos, em resposta às sanções impostas por esses lugares.

    Ao recusar seus fornecedores tradicionais de carne, a Rússia está contando com o Brasil para suprir o seu mercado consumidor.

    Dias afirmou que 2.000 vagas já foram criadas em função do embargo russo.

    OUTROS DADOS

    Mesmo após o fim da greve de funcionários da entidade, a pesquisa mensal de emprego do IBGE ficou comprometida e os dados de julho não foram divulgados por completo, sem uma média da taxa de desemprego.

    Os números deveriam ter sido divulgados nesta quinta-feira (21) pelo órgão.

    Trata-se do terceiro mês seguido sem uma taxa das seis regiões pesquisadas por conta do atraso na coleta, análise e processamento dos dados de Porto Alegre e Salvador.

    O maior estrago foi a postergação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua), o primeiro dado oficial sobre mercado de trabalho formal e informal em nível nacional e com informações conjunturais, divulgada a cada três meses.

    O levantamento era prioridade do IBGE e começou a ser estruturado em 2009. Seus primeiros dados foram divulgados em janeiro deste ano, retroativos a 2012. Em nível nacional, o último dado disponível mostrou que o desemprego no país ficou em 7,1% no primeiro trimestre de 2014, acima dos 6,2% dos últimos três meses de 2013.

    Com a greve, o IBGE apresentará novos dados referentes ao segundo trimestre apenas em 6 de novembro, ou seja, após as eleições.

    Também nesta quinta-feira (21), o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou números sobre os acordos salariais que terminaram com reajuste acima da inflação.

    Segundo a entidade, de janeiro a julho deste ano, passou para 93% o percentual das negociações que terminaram com ganho real.

    Esse índice havia recuado para 83,5% em igual período do ano passado. Em 2012, considerado o melhor ano das negociações salarias, chegou a 95,6%.

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