O Newspaper Guild, sindicato nova-iorquino que reúne funcionários de jornais, divulgou uma tabela de avaliação que indica que a demissão de jornalistas pela revista "Sports Illustrated" agora toma por base, junto a critérios mais tradicionais, se "produz conteúdo que é benéfico para relação com anunciante".

A "SI" é um título da Time Inc., que publica a revista semanal de maior circulação no mundo, "Time".

No ano passado, o novo executivo-chefe de conteúdo do grupo, Norman Pearlstine, anunciou que buscaria "um novo sentido de parceria entre os lados criativo e de negócios da Time Inc.", o que foi entendido como fim da separação entre Redação e publicidade, com perda de independência da primeira.

Um representante do sindicato afirmou que "a Time Inc. demitiu redatores com base nos critérios listados na tabela", que foi cedida à entidade pelo próprio grupo em meio a negociações de contrato.

A tabela foi divulgada pelo site "Gawker" e ecoou pela cobertura americana de mídia, do site Nieman Lab ao "New York Times", e por comentários de rede social.

Ontem a revista "New York" ouviu Pearlstine, que negou ser "questão relacionada a Igreja e Estado" –como se descreve, no jargão jornalístico, a separação entre publicidade e Redação. "Não é grande coisa, não tem a ver com independência ou integridade editorial."

Ele acusou o sindicato de vazar a tabela para chamar atenção para as negociações. E argumentou que o critério de ser "benéfico para a relação com anunciante" se refere ao potencial de venda de anúncios próximos aos textos do jornalista avaliado –e não se ele está favorecendo um anunciante.

Para Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, dos EUA, "a indignação é justa e esses avanços da área comercial nas Redações devem ser levados a sério".

"O caso está restrito a uma revista esportiva do grupo Time, mas, se não fosse pela gritaria que causou, poderia ter sido um balão de ensaio, seguido por atrevimentos maiores", acrescentou.