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    Proibição de importações beneficia magnatas russos de alimentos

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    22/08/2014 09h03

    Na disputa crescente entre a Rússia e o Ocidente sobre a Ucrânia, um grupo de empresários com conexões com o Kremlin estão emergindo como possíveis beneficiários das sanções.

    No início deste mês, a Rússia proibiu a importação de carne, peixe, laticínios, frutas e legumes dos Estados Unidos e da União Europeia em retaliação a sanções ocidentais impostas depois que Moscou depois anexou a região da Crimeia na Ucrânia e apoiou rebeldes separatistas que combatem as forças do governo ucraniano.

    Isso levou ao crescente aumento de preços de alimentos locais na Rússia e abriu uma lacuna em muitos mercados.

    Uma empresa de peixes de co-propriedade do genro de um amigo do presidente Vladimir Putin, uma empresa de carne com um fundador bem relacionado e outro produtor de carne privado que tem apoio do Estado estão vendo um aumento na demanda por seus produtos.

    A Reuters não encontrou nenhuma evidência para sugerir que as proibições foram impostas com o objetivo de ajudar os produtores particulares, ou que os produtores pressionaram o governo para fazer as restrições, mas os magnatas de alimentos parecem estar se beneficiando de um golpe de sorte.

    "Os preços no atacado já subiram; eles já estão lucrando", disse Sergei Lisovsky, que já foi um magnata do setor de alimentação e agora é um senador russo.

    Autoridades russas alertaram os produtores de alimentos contra o aumento de preços, mas dias após as sanções terem sido impostas, o preço do salmão subiu 60% a mais de US$ 22 o quilo em algumas lojas.

    De acordo com os distribuidores, os preços de carne e queijo também vão subir pelo menos 30%, já que as importações atendiam entre 30% e 50% do consumo local.

    As ações da empresa de peixe Russkoe More saltaram 70% nos dias após as sanções.

    O magnata de setores como petróleo e bancos Gennady Timchenko, um amigo do presidente Vladimir Putin, comprou uma participação de 30% na empresa em 2011, apostando no aumento da demanda por salmão.

    BRASIL

    O setor de carnes do Brasil tende a se beneficiar mais rapidamente com o atrito político entre Rússia, EUA e União Europeia. A medida russa foi considerada uma "revolução" para o setor de carnes, e irá favorecer sobretudo os produtores de carne de frango.

    A Rússia é sexto principal comprador de produtos agrícolas brasileiros e o principal destino da carne bovina e suína. No ano passado, foram US$ 2,8 bilhões em compras de alimentos, mais da metade em carnes.

    O país costuma dificultar a autorização para que novas empresas exportem carne ao país –agora, o cenário mudou.

    Até o anúncio das sanções, apenas 57 estabelecimentos brasileiros podiam vender carne para a Rússia. No começo de agosto, 92 novas unidades de produção de carne bovina, suína e de frango foram habilitadas a exportar.

    Segundo reportagem publicada pela Folha, o Brasil poderia aumentar suas vendas externas de carne de frango das atuais 60 mil toneladas para 210 mil no período de um ano, abocanhando parte das exportações deixadas pelos EUA.

    Também há oportunidade para ocupar o espaço representado pela UE, que exportava cerca de 40 mil toneladas por ano à Rússia.

    Editoria de Arte/Folhapress

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