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    Bolsa cai e dólar sobe com escalada nas tensões entre Rússia e Ucrânia

    RENATO OSELAME
    DE SÃO PAULO

    22/08/2014 12h38

    A Bolsa de Valores brasileira opera em queda nesta sexta-feira (22), refletindo a escalada nas tensões entre Rússia e Ucrânia, que afeta o desempenho dos mercados internacionais.

    Às 12h34, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, operava em baixa de 1,00%, a 58.403 pontos, após registrar o recorde dos últimos 18 meses no pregão desta quinta.

    O mercado financeiro do país também foi afetado pelo discurso da presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, no simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos.

    Yellen reafirmou a posição do comitê de política monetária dos EUA, o Fomc, de que as taxas de juros do país poderão ser elevadas antes do esperado, caso haja melhora nos indicadores do mercado de trabalho e a inflação siga rumo à meta de longo prazo, que é de 2% ao ano.

    "Além do discurso de Yellen, um outro fator que impactou os mercados hoje foram as tensões geopolíticas", afirma William Araújo, executivo da equipe de análises da Um Investimentos.

    Nesta sexta, comboios humanitários enviados pela Rússia cruzaram a fronteira e entraram na Ucrânia sem autorização de Kiev. O governo ucraniano caracterizou a ação como uma "invasão direta" do território. "Isso acaba gerando um pouco de receio nos mercados internacionais, o que também afeta o Brasil", diz Araújo.

    Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones operava em queda de 0,08%, a 17.025 pontos, e o S&P 500 tinha variação negativa de 0,22%, a 1.987 pontos.

    O índice DAX, principal da Bolsa de Frankfurt, recuava 0,98% às 12h34, para 9.310 pontos. O FTSE 100, de Londres, caía 0,17% para 6.766 pontos e o CAC 40, da França, tinha redução de 1,10% a 4.245 pontos.

    O mercado europeu ainda terá uma chance de reagir nesta sexta, já que Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), fará discurso no simpósio de Jackson Hole, às 15h30 (horário de Brasília). Investidores esperam que Draghi sinalize a adoção de políticas monetárias que auxiliem a retomada da economia na zona do euro, após a divulgação de indicadores industriais mais fracos nesta quinta.

    DÓLAR

    A moeda americana já iniciou o pregão em alta e reforçou a tendência após o pronunciamento de Yellen.

    Utilizado em negociações do comércio exterior, o dólar comercial seguia em alta de 0,57% às 12h34, cotado a R$ 2,281. Já o dólar à vista, referência para operações do mercado financeiro, teve alta de 1,05% para R$ 2,279.

    "Tivemos três ou quatro dias praticamente sem voo [alta significativa no dólar]", afirma Ítalo Santos, especialista em câmbio da corretora Icap do Brasil, "A alta de hoje tem um pouco a ver com o discurso da Yellen, mas o real ficou defasado em relação às demais moedas nos últimos dias e ficou mais atrativo comprar [dólar] aqui".

    Para Santos, o pronunciamento de Yellen não antecipou os movimentos que a autoridade monetária dos EUA deverá tomar nos próximos meses. "É um discurso global, a Yellen não poderia dar nenhum viés agressivo de aumento nos juros", diz.

    Para ele, a moeda americana passa por um dia de ajustes. "Nos últimos dias tivemos volumes de negociação menores e pouca oscilação, é natural que haja uma correção hoje. Além de disso, temos a divulgação de pesquisas eleitorais no fim de semana, o que cria um cenário para isso".

    EMPRESAS

    Em dia de agenda econômica fraca e poucas notícias relacionadas ao cenário eleitoral, as maiores empresas do Ibovespa operam em queda.

    As ações ordinárias da Petrobras, que dão direito a voto, caíam 1,64% às 12h34, negociadas a R$ 19,77. Já os papeis preferenciais da petroleira caíam 1,31%, para R$ 21,02.

    Parte dos investidores aproveitou o dia para vender ações da companhia e embolsar os ganhos obtidos nos últimos pregões. "Não há nenhuma notícia que faça com que a Petrobras tenha uma queda mais acentuada", diz Araújo, da Um Investimentos, "A queda pode ser em virtude da maior volatilidade apresentada anteriormente".

    Já a Vale foi afetada negativamente pela redução nos preços internacionais do minério de ferro, exportados pela companhia. Segundo análise da XP Investimentos, o produto retornou à cotação média de US$ 90 por tonelada.

    Refletindo a notícia, as ações ordinárias da mineradora tinham oscilação negativa de 1,04% às 12h34, a R$ 31,23. Já os papeis preferenciais caíam 1,27%, negociados a R$ 27,82.

    Empresas dos setores bancário e elétrico também estão em baixa nesta sexta. "É algo normal do mercado. Geralmente, ativos que têm uma alta expressiva ao longo de algumas sessões sofrem um movimento de juste logo depois", afirma Araújo.

    Às 12h35, as ações do Itaú Unibanco recuavam 1,37%, a R$ 37,39, os papeis do Bradesco caíam 1,46%, cotados a R$ 37,64, e o Santander tinha queda de 1,03%, a R$ 15,27.

    As ações ordinárias da Eletrobras caíam 0,41%, a R$ 7,18, e os papeis preferenciais recuavam 0,17%, para R$ 11,59.

    Nesta sexta, o BC deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no mercado de câmbio, negociando 4.000 contratos com vencimento em junho e setembro de 2015, no valor de US$ 197,2 milhões.

    A autoridade monetária também rolou o vencimento de 10 mil contratos que devem vencer no próximo dia 1º, numa negociação que alcançou US$ 493,4 milhões.

    Folhainvest

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