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    Pessimismo com a economia abate 'espírito animal', diz empresariado

    MACHADO DA COSTA
    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    23/08/2014 02h00

    O pessimismo em relação à economia brasileira é o principal empecilho ao "espírito animal" no país, segundo empresários e executivos que formavam a plateia do diretor do BC Luiz Awazu Pereira da Silva, em São Paulo.

    Nesta sexta-feira (22), Luiz Awazu disse que não conseguiu despertar o "espírito animal" dos investidores e dos empreendedores para promover um crescimento econômico internacional sustentável nos pós-crise.

    "O crédito liberado pelo Banco Central nas últimas semanas não estimula os empresários. Na verdade, estamos nos preparando para quando essa conta será paga", disse o consultor financeiro Luís Augusto Carlini.

    Recentemente, o BC anunciou diversas medidas que liberaram até R$ 70 bilhões –R$ 45 bilhões em julho e R$ 25 bilhões na semana passada– para os bancos emprestarem a seus clientes.

    Medidas de estímulo ao crédito estão entre as formas não convencionais citadas por Awazu como formas de incentivar as economias atingidas pela crise global a se recuperarem.

    "Não há qualquer chance de despertar o espírito animal' com tantas incertezas. Os indicadores não apontam para uma aceleração da economia e sempre olhamos com ressalvas para as ações tomadas pelo governo", afirmou outro empresário que preferiu não se identificar.

    Já na opinião de Renato Baumann, diretor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), as ações do Banco Central do Brasil têm como missão primária combater a inflação –diferentemente dos da Europa e dos Estados Unidos, onde os bancos centrais têm compromisso com o crescimento.

    "O espírito animal' é de responsabilidade [dos Ministérios] da Fazenda e do Desenvolvimento e de outros órgãos executivos, não do Banco Central", disse.

    CÂMBIO

    A maior preocupação dos industriais continua sendo o câmbio sobrevalorizado, segundo alguns deles, que tornam produtos importados mais atrativos que os produzidos no Brasil.

    Além dos produtos chineses, que têm ganhado qualidade e tecnologia, os americanos e europeus estão com maior competitividade e excluindo os brasileiros do mercado internacional.

    Por outro lado, um estudo de Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério, aponta que a cotação do dólar está próxima do ideal. "O melhor câmbio para a indústria seria com o dólar a R$ 2,33", disse. Ontem, o dólar fechou a uma taxa de R$ 2,28.

    "Uma desvalorização traria recessão e inflação no curto prazo. Mas, depois, a economia volta a acelerar com um crescimento forte dos salários", disse.

    ORIGEM DO TERMO

    Citado pela primeira vez na obra "Teoria Geral do Emprego, Juros e Dinheiro", de John Maynard Keynes, em 1936, o chamado "espírito animal" é um termo que designa o instinto que guia os empresários a assumirem riscos para empreender.

    O economista pregava a presença estatal para promover o pleno emprego, após a depressão de 1929, combinando o aumento da demanda do consumidor ao da capacidade produtiva.

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