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    Votorantim tenta chegar competitivo ao centenário do grupo

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    26/08/2014 02h00

    Um dos mais antigos conglomerados do país, o Grupo Votorantim se esforça para manter-se competitivo apesar das dificuldades da indústria nacional e da queda nos preços das commodities.

    O grupo, que faz cem anos em 2018, atua na chamada indústria de base, produtora de insumos –cimento, alumínio, metais, aços, além de celulose e papel, suco de laranja, entre outros. Emprega 40 mil funcionários e faturou R$ 26,3 bilhões em 2013.

    Hoje na terceira geração da família Ermírio de Morais, o principal negócio é a Votorantim Cimentos, sétima maior fabricante do mundo, que ampliou sua presença internacional após a compra da portuguesa Cimpor com a Camargo Corrêa em 2010.

    A Cimentos, que já estava na América do Norte desde 2001 (compra da canadense St. Marys), ficou com as unidades da Cimpor na China, Espanha, Índia, Marrocos, Tunísia, Turquia e Peru.

    A produção de cimento sustentou o grupo nos últimos anos, período em que as outras áreas andavam de lado devido a crise, depreciação das matérias-primas, além de investimentos e dívidas da área de celulose.

    Enquanto esteve na ativa, Antônio Ermírio era a imagem do Grupo Votorantim e também quem fazia o relacionamento com políticos e o governo. Cuidava principalmente da área de mineração e metalurgia, enquanto o irmão José Ermírio ficou com cimento, segmento em que o grupo realmente cresceu.

    Na família, a ala mais forte hoje é a de José Roberto, filho de José Ermírio. Carlos, o filho mais atuante de Antonio Ermírio de Moraes, morreu de câncer em 2011.

    Hoje, o principal executivo do grupo é Raul Calfat, homem de confiança da família e presidente do conselho da VPAR (Votorantim Participações). Calfat, que cuidava da indústria de papel e celulose, ascendeu junto com o segmento. Hoje, a Fibria é a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A Fibria é resultado fusão entre a antiga VCP (Votorantim Celulose e Papel) e a Aracruz, que perdeu R$ 2 bilhões com derivativos tóxicos (a empresa vendia ao mercado proteção contra a alta do dólar, que disparou em 2008).

    A mesma crise quase afundou o Banco Votorantim, negócio visto como "renegado" pelo clã industrial que só teria entrado no ramo para dar apoio financeiro ao grupo.

    Especializado em financiamento de carro usado, o banco enfrentava inadimplência alta e tinha dificuldades para captar recursos. Metade do banco foi vendida ao BB, com quem divide a gestão, em uma parceria controversa por trazer sucessivos prejuízos à instituição estatal.

    "Saneado", o banco voltou a ficar no azul e virou o "braço privado" (sem as amarras estatais) do BB no financiamento de carro, infraestrutura e gestão de recursos.

    No ano passado, a Cimentos tentou abrir o capital na Bolsa, mas desistiu prevendo um forte desconto no preço das ações. À época, fala-se que captaria R$ 7 bilhões.

    Além de levantar dinheiro para novos investimentos, a ideia era abrir uma porta de saída para filhos e netos de Antônio e José Ermírio, que queriam deixar os negócios.

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