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    Pacote do governo reforça caixa de bancos, mas não chega ao crédito

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    28/08/2014 02h00

    O primeiro pacote do governo de incentivos ao crédito, anunciado em julho, já resultou na liberação de R$ 20 bilhões para uso dos bancos até a semana passada.

    A maior parte dos recursos, no entanto, ainda não se transformou em empréstimos. Segundo economistas, o dinheiro está hoje aplicado em títulos públicos.

    A avaliação tem como base os números do Banco Central. A instituição permitiu que os grandes bancos usassem até R$ 30 bilhões do dinheiro que fica obrigatoriamente depositado no BC, o depósito compulsório, para crédito automotivo e compra de carteiras de empréstimos oferecidos por instituições menores.

    Desde então, o compulsório sobre recursos a prazo já foi reduzido em R$ 20 bilhões. No mesmo período, entretanto, houve aumento nas operações que o BC faz diariamente para retirar o "excesso" de dinheiro do mercado, por meio da venda de títulos do governo. Um dos fatores que afetam essas vendas é justamente o compulsório.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A redução do compulsório indica que um dos objetivos das medidas foi alcançado.

    O dinheiro dos grandes bancos retido no BC chegou às instituições de médio e pequeno porte, que conseguiram reforçar seu caixa.

    Já o impacto no crédito, que cresce atualmente no menor ritmo desde 2011, ainda deve demorar para se tornar realidade, na avaliação do mercado.

    "As medidas são boas para destravar o crédito no médio e longo prazo, mas, neste momento, as pessoas não estão tomando empréstimos e os bancos não estão concedendo financiamentos", afirma o economista Carlos Thadeu de Freitas, da Confederação Nacional do Comércio.

    Segundo ele, isso explica por que o dinheiro está hoje aplicado em títulos.

    CAUTELA

    A agência de análise de risco Fitch Ratings afirma que os bancos privados de médio porte se mantêm cautelosos na liberação de crédito diante do atual clima econômico.

    Para o economista-chefe da agência Austin Rating, Alex Agostini, a aceleração do crédito depende de definições nos quadros eleitoral e econômico. Ele afirma que consumidores e empresas também estão cautelosos e resistentes a aumentar seu endividamento.

    Outras medidas anunciadas pelo governo também devem levar tempo para se refletir no crédito.

    O Banco Central acabou na semana passada com restrições criadas em 2010 para desestimular operações mais arriscadas. As principais eram financiamentos de veículos e crédito consignado com prazo superior a 60 meses e os demais empréstimos ao consumo com mais de 36 prestações.

    Isso reduziu em R$ 30 bilhões a exigência de capital dos bancos para cobrir empréstimos. A medida permite que as instituições possam aumentar o crédito em mais R$ 270 bilhões (em geral, cada R$ 1 de capital pode gerar R$ 9 em empréstimos).

    Essa liberação de recursos, no entanto, não se traduz imediatamente em crédito. Algumas instituições, por exemplo, planejam usar o dinheiro em um prazo de até 12 meses, mesmo aumentando o ritmo de financiamentos.

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