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    Telecom Italia envia oferta pela GVT

    JULIO WIZIACK
    DE SÃO PAULO

    28/08/2014 02h00

    A Telecom Italia aprovou o envio da oferta de compra da GVT ao grupo francês de mídia Vivendi. A proposta será entregue na manhã desta quinta, antes da reunião do conselho de administração.

    A operadora italiana disputa a GVT com a Telefónica, que já havia feito uma proposta de € 6,7 bilhões.

    A Folha apurou que a proposta da Telecom Italia só não foi enviada nesta quarta (27) porque, com o anúncio da Oi e do BTG Pactual –que se disseram interessados em comprar a TIM–, a operadora valorizou-se. Com isso, a Telecom Italia ganhou um reforço de cerca de R$ 3 bilhões em sua proposta.

    O valor total deve ultrapassar € 7 bilhões e envolve cerca de 20% em ações da Telecom Italia e a mesma proporção em ações da companhia brasileira –emitidas após a fusão da TIM e GVT.

    Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

    A diferença será em dinheiro, sendo uma parte em troca de dívidas (uma espécie de acerto de contas entre as partes) e desembolsos pela Telecom Italia à Vivendi.

    Em comunicado, a Telecom Italia disse que está "alheia à iniciativa da Oi" e que a TIM continua sendo "um ativo estratégico".

    bastidores

    Telecom Italia e Vivendi vinham negociando havia meses, mas a Telefónica soube e enviou sua oferta pela GVT antes. A Telecom Italia teve de correr contra o relógio para que sua proposta chegasse ao conselho da Vivendi hoje.

    Essa "dança de cadeiras" na telefonia está ocorrendo porque a Telefónica, dona da Vivo, é a maior sócia da Telecom Italia –que está endividada e procura vender ativos para tomar fôlego e continuar investindo. A tele espanhola prefere a venda da TIM. Outros acionistas da Telecom Italia tentam o contrário: fortalecer a TIM.

    Em jogo está a consolidação dos grupos no Brasil, um mercado em que as receitas crescem abaixo da inflação e prejudicam o retorno ao acionista –com exceção da Claro, todas as teles têm ações negociadas em Bolsa.

    Nos EUA e na Europa, essa situação também ocorre e está levando as empresas maiores a engolir as menores, um fenômeno batizado de "consolidação".

    Ao ficarem maiores, as empresas aumentam suas receitas, cortam gastos e estruturas duplicadas (sinergias) e, assim, melhoram seus resultados –única forma de convencer seus acionistas a investir mais.

    No Brasil, essa discussão ficou mais séria em meados do ano passado. Representantes da Vivo, da Claro e da Oi percorreram os gabinetes de conselheiros da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), do Ministro das Comunicações e até da Presidente Dilma Rousseff para convencê-los de que a consolidação é fundamental para o avanço dos serviços.

    Bancos de investimento e consultorias especializadas foram contratados para fazer simulações de como ficaria o mercado com a divisão da TIM entre Oi, Claro e Vivo (veja quadro acima) de forma a gerar menos resistência pelas autoridades, especialmente do Cade.

    A Telecom Italia também fez esse caminho, mas na tentativa de demonstrar para o governo que há espaço para mais concorrentes. Para isso, a Telefónica teria de sair da Telecom Italia.

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