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    Vale cai mais de 4% com efeito China e faz Bolsa quebrar sequência de altas

    DE SÃO PAULO

    28/08/2014 18h19

    A forte queda das ações de mineração e siderurgia nesta quinta-feira (28) pressionou o principal índice de ações da Bolsa brasileira, que fechou em baixa e interrompeu uma sequência de três altas. Os investidores aproveitaram o clima de aversão ao risco no exterior para vender ações e embolsar lucros.

    O Ibovespa cedeu 1,08%, aos 60.290 pontos. O volume financeiro foi de R$ 9,141 bilhões. Entre as 10 maiores baixas do índice, sete pertencem a empresas ligadas a commodities (matérias-primas). Quem liderou a lista foi a mineradora MMX, com perda de 5,81%, seguida pela siderúrgica CSN (-5,14%).

    Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Vale cederam 4,11%, a R$ 26,13 cada um. A Bradespar, que possui participação na Vale, viu sua ação cair 4,59%, a R$ 20,36. Já a Gerdau sofreu desvalorização de 4,74%.

    A perda desses setores, segundo analistas, acompanhou a persistente deterioração dos preços do minério de ferro com entrega imediata na China, que ampliaram a queda nesta quinta-feira, aproximando-se de mínimas registradas em 2009, com um aperto de crédito limitando compras de carregamentos importados.

    O analista Luiz Francisco Caetano, da Planner Corretora, disse em relatório que revisou suas projeções para a Vale levando em conta o panorama atual de queda dos preços do minério de ferro. O preço justo para a ação preferencial da Vale foi cortado de R$ 36 para R$ 33 por ação, mas a recomendação de compra foi mantida.

    "É importante lembrar que os baixos custos de produção destas mineradoras permitem que elas continuem obtendo retornos elevados, mesmo com os preços do minério em baixa. Neste contexto, a Vale tem conseguido reduzir custos e está anunciando uma paulatina redução dos investimentos nos próximos anos. Isso deve liberar caixa para aumentar os dividendos", avalia.

    No exterior, as Bolsas americanas e europeias fecharam no vermelho diante da maior tensão geopolítica, depois que o presidente ucraniano disse que forças russas foram levadas ao seu país.

    CORREÇÃO

    "O mercado subiu muito rápido, quase 10% nos últimos 10 dias. Quando tem uma movimentação tão ampla assim é natural que os investidores fiquem tentados a vender alguns papéis e transformar isso em dinheiro para ter de reserva", diz Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.

    Segundo ele, também colabora para a correção o fato de os preços já terem subido muito. Assim quem ainda não comprou ações pode achar melhor esperar por uma nova queda para entrar no mercado, pois, agora, os preços podem já estar caros.

    Mesmo assim, na avaliação de Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho, ainda tem espaço para o Ibovespa subir um pouco mais. "Os papéis ligados ao governo ainda estão fortemente atrelados às expectativas eleitorais. Conforme as pesquisas continuam mostrando avanço de Marina Silva [candidata à Presidência pelo PSB], esses papéis tendem a subir mais", diz.

    CÂMBIO

    No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,33% sobre o real, cotado em R$ 2,250 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,31%, a R$ 2,239.

    Segundo operadores, a queda reflete as apostas do mercado em derrota da presidente Dilma Rousseff (PT) na eleição de outubro, que ofuscou o efeito adverso nos emergentes de dados positivos dos EUA, onde a economia teve, no segundo trimestre deste ano, um resultado ainda melhor do que o estimado no último mês.

    A melhora do PIB por lá alimenta o temor de aumento antecipado nos juros dos EUA, o que causaria uma migração de investimentos dos emergentes de volta à economia americana, pressionando o câmbio.

    O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swap (operação que equivale a uma venda futura de dólares), por US$ 197,6 milhões.

    A autoridade promoveu também um novo leilão para rolar 10 mil contratos de swap que vencem em 1º de setembro, por US$ 495,1 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 88% do lote total com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

    Com Reuters

    Folhainvest

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