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    Veja como o desempenho do PIB afeta seus investimentos

    DE SÃO PAULO

    29/08/2014 09h45

    O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta-feira (29) o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre.

    Sob impacto negativo da Copa, de freada do consumo das famílias e da retração dos investimentos, o PIB do país caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano.

    O instituto também revisou para baixo o desempenho do primeiro trimestre, para queda de 0,2%, indicando, segundo analistas –embora o termo não haja consenso sobre o termo–, que o Brasil entrou em recessão técnica.

    Os resultados apresentados pelo IBGE ficaram piores que as previsões de mercado. A média das projeções de bancos e consultorias apontava para uma queda de 0,4% frente ao primeiro trimestre e de 0,5% na comparação com o mesmo período de 2013, segundo pesquisa da Bloomberg.

    Muitos investidores, no entanto, especialmente os pequenos, podem encontrar dificuldade em saber como interpretar esse tipo de informação.

    O economista Homero Guizzo destaca que a chave para interpretar um indicador econômico como o PIB está na análise do resultado em relação às projeções do mercado.

    "O que acontece hoje em dia é que o mercado sempre tenta antecipar o resultado do indicador. São feitos cálculos com base em diversos fatores –no caso do PIB, seriam os desempenhos de cada setor da economia, por exemplo–, e por meio deles se chega a uma projeção. A partir do momento em que as perspectivas são conhecidas, os investidores começam a ajustar suas aplicações em cima desses números", afirma.

    O problema é que, em alguns casos, o resultado oficial do indicador pode vir acima ou abaixo do esperado, e, segundo Guizzo, é nessa hora que o investidor deve saber analisar o número.

    "Se o crescimento do PIB veio acima do que o mercado está esperando, isso tende a pressionar as taxas prefixadas para cima; portanto, é uma notícia ruim para quem já está neste tipo de aplicação (cuja remuneração é determinada no momento da aplicação)", explica João Júnior, da Icap do Brasil.

    "Mas, se o indicador vem pior que o esperado, o efeito é contrário, pressionando as taxas prefixadas para baixo", completa.

    CÂMBIO E AÇÕES

    Já em relação ao mercado de câmbio, Guizzo avalia que o impacto do indicador do PIB é limitado.

    Para o mercado de ações, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirma que o desempenho do PIB tem peso relevante, especialmente sobre os papéis de companhias ligadas ao setor de consumo.

    "O indicador de PIB é interessante para quem investe na Bolsa. Se as empresas listadas na Bolsa estão em uma economia chamada Brasil, então, a atividade econômica do Brasil tem que se refletir na Bolsa", disse.

    O economista diz que o setor de consumo tem forte peso na composição do PIB, por isso o dado costuma refletir mais sobre as ações de empresas que atuam neste segmento.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O QUE É O PIB?

    O PIB é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor de toda a riqueza gerada no país.

    O cálculo do PIB, no entanto, não é tão simples. Imagine que o IBGE queira calcular a riqueza gerada por um artesão. Ele cobra, por uma escultura, de madeira, R$ 30. No entanto, não é esta a contribuição dele para o PIB.

    Para fazer a escultura, ele usou madeira e tinta. Não é o artesão, no entanto, que produz esses produtos –ele teve que adquiri-los da indústria. O preço de R$ 30 traz embutido os custos para adquirir as matérias-primas para seu trabalho.

    Assim, se a madeira e a tinta custaram R$ 20, a contribuição do artesão para o PIB foi de R$ 10, não de R$ 30. Os R$ 10 foram a riqueza gerada por ele ao transformar um pedaço de madeira e um pouco de tinta em uma escultura.

    Folhainvest

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