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    Após perder disputa pela GVT, Telecom Italia tem futuro em risco

    DA REUTERS

    29/08/2014 20h43

    A Telecom Italia perdeu um caminho promissor para o crescimento de seu lucro ao não garantir a compra da operadora de banda larga brasileira GVT, e pode agora ser alvo de aquisição em uma indústria que se consolida rapidamente.

    Ter vencido a disputa pela GVT, da companhia de mídia francesa Vivendi, era vital tanto para a Telecom Italia como para sua rival, a espanhola Telefónica, enquanto os mercados europeus encolhem. A Itália enfrentou uma guerra de preços no mercado móvel no ano passado, as receitas estão caindo e a competição se mantém forte.

    A companhia italiana perdeu a disputa para a Telefónica, já que não pôde superar a oferta de € 7,45 bilhões pela GVT. A Telecom Italia tem dívidas de € 32 bilhões (US$ 42 bilhões), de acordo com a agência de classificação de risco Moody's, e perdeu sua nota de grau de investimento no ano passado.

    A compra da GVT poderia solucionar a maior fragilidade da TIM no Brasil, o fato de não ter redes de banda larga fixa. Agora, a Telecom Italia poderá considerar deixar o país, que representa um terço de sua receita. Nessa hipótese, a empresa passa a ter condições de abater parte de sua dívida, mas fica ainda mais dependente de um mercado doméstico fraco.

    Fontes do setor bancário e investidores entrevistados pela Reuters nesta sexta-feira (29) apontaram a Telecom Italia como uma empresa sem direção clara que poderá ter dificuldades para levantar recursos de acionistas para financiar importantes melhoras de sua rede.

    DIREÇÃO PRESSIONADA

    O presidente-executivo Marco Patuano "está humilhado", disse um banqueiro sediado em Milão. "Ele vendeu de forma agressiva (o acordo da GVT) como a resposta para os críticos da Telecom Italia e agora precisa voltar à comunidade financeira para dizer quais são os próximos passos."

    "Não haverá um aumento de capital simplesmente porque vai levar tempo para que a companhia se recupere desse revés e crie uma nova estratégia – você não pode pedir mais ações sem um plano estratégico claro."

    A base de acionistas da Telecom Italia adiciona mais confusão à situação. A Telefónica é agora seu maior acionista indireto, com 14,8% de participação, mas venderá parte de sua fatia à Vivendi como forma de pagamento pela GVT. Instituições financeiras italianas também querem sair do que tem sido um investimento não rentável desde 2007.

    A Vivendi deverá aceitar uma fatia de 5,7% da Telefónica na Telecom Italia, ou uma participação de 8,3% com direito a voto, disseram fontes à Reuters. Analistas especulam se a Vivendi também poderia mais tarde comprar a participação dos demais investidores italianos.

    Alguns dizem que o dilema de Patuano faz da Telecom Italia um potencial alvo de compra para operadoras como Deutsche Telekom ou Vodafone.

    Telecom Italia e Telefónica competem no Brasil com Vivo e TIM Participações.

    FUTURO NO BRASIL

    A estratégia de Patuano revelada no ano passado traçou a venda de ativos na Argentina e em outros locais para ajudar a financiar investimentos em redes na Itália com o objetivo de impulsionar a velocidade da banda larga e lançar a tecnologia 4G. Ele reafirmou que a TIM continua um ativo-chave para o futuro do grupo.

    A devoção de Patuano ao Brasil pode ser testada em breve. A operadora Oi, maior empresa brasileira de telecomunicações no segmento fixo, disse que deverá apresentar uma oferta para comprar a TIM. Segundo uma fonte próxima ao tema, a ideia seria se unir a Vivo e Claro em uma proposta conjunta.

    Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

    Uma venda ajudaria a Telecom Italia a reduzir sua dívida. A agência de rating Fitch estimou na sexta-feira (29) que a venda da TIM poderia reduzir a alavancagem com base no indicador dívida líquida/Ebitda de 0,2 a 0,4 vezes.

    Uma fonte do setor bancário que trabalha para a Telecom Italia disse que Patuano "não quer vender a unidade brasileira, mas não existe um plano B no momento".

    Ele deu três opções para o grupo: vender para uma rival europeia maior como a Deutsche Telekom, perseguir uma união no Brasil, talvez lançando um aumento de capital para comprar a Oi, ou buscar uma consolidação na Italia com o grupo Mediaset, de Silvio Berlusconi.

    Ele acrescentou que a "melhor opção" para a Telecom Italia seria uma fusão com a Oi, já que faria sentido unir a maior operadora de linhas fixas com a segunda maior operadora móvel do país.

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