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    Seis em cada dez consumidores mudaram hábito de compras

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    31/08/2014 02h00

    Seis em cada dez consumidores já mudaram seus hábitos ao comprarem alimentos, bebidas, produtos de higiene e limpeza nos supermercados nos últimos meses.

    O resultado é apontado em sondagem feita pelo Sincovaga, sindicato que reúne cerca de 50 mil empresas do varejo de alimentos (inclui desde quitandas até supermercados) no Estado de São Paulo.

    Dentre os consumidores que informaram ter mudado hábitos, um quarto reduziu a quantidade e trocou marcas -escolheram as menos tradicionais. Outros 19% reduziram quantidades para manter marcas preferidas e 18% mudaram as marcas, mas mantiveram a quantidade.

    "O consumidor muda o mix de produto que vai para o carrinho, mexe na quantidade, troca de marca e quando a marca própria é mais barata", diz Álvaro Furtado, presidente do Sincovaga.

    Félix Matias Dunda, 65, comerciante do Sacomã (zona sul de SP), é um desses consumidores. Compra mais no atacado, por causa do preço, vai menos vezes ao mercado e escolhe marcas de acordo com as promoções que encontra. "Ao menos uma coisa faço questão, não abrir mão da marca do arroz e feijão", diz.

    A percepção de piora nas condições econômicas e a insegurança em relação ao emprego e renda são dois dos fatores que mais influenciam os hábitos de consumo, de acordo com a sondagem feita com 200 consumidores na capital paulista, sendo metade com renda familiar abaixo de dez salários mínimos e metade acima dessa faixa.

    Rita de Cássia Longas, 49, e seu pai, Paulo Longas, 69, dizem que para manter os itens que costumam comprar optam por produtos com embalagens menores.

    "Acabou essa fase de ir passear no supermercado. É entrar e sair rapidinho, não gastar muito no cartão e não se endividar", diz Rita, que antes trabalhava em uma empresa da área de construção e está desempregada há cerca de dois meses.

    CONTA NA PONTA DO LÁPIS

    Para conseguir comprar um carro com ajuda da família, a universitária carioca Mayara Bache Marques, 20, diz que houve um ajuste nas contas e no orçamento, após uma espera de quase um ano.

    Parte desse ajuste foi feito com redução de itens supérfluos comprados, corte de gastos no cartão de crédito e um plano de contenção de gastos inclusive com as compras de supermercado e do dia a dia.

    "A intenção de compra existia há um ano e pesquisamos durante quatro meses para conseguir fazer a prestação de cerca de R$ 850 caber no bolso", diz.

    Produtos de limpeza são comprados pelo preço e não mais pela marca. Produtos de higiene e limpeza são escolhidos por embalagens econômicas e a quantidade de alimentos compradas foi racionalizada.

    "Em vez do consumo maior de carne, entraram no nosso cardápios mais legumes, frango e outros itens", afirma.

    As viagens e os gastos com cinema e roupa também foram adiados. "Estamos avaliando se alguns serviços, como assinatura da Net também serão cortados. Mas valeu a pena. Foi um ajuste necessário", diz a universitária, que deve começar em breve um estágio em Nutrição, área que cursa na faculdade.

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