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    Commodities enfrentam preço baixo e mais custos

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    01/09/2014 02h00

    Com o maior superavit comercial do mundo, o agronegócio brasileiro ainda sustenta a balança comercial, mas perde eficiência devido ao aumento de despesas provocado por problemas logísticos e alto custo de mão de obra.

    Para não perder espaço em um dos poucos setores globais e competitivos do país, o governo deveria concentrar os esforços de política comercial no setor de commodities.

    A proposta foi apresentada por Marcos Jank, diretor de assuntos corporativos da BRF e especialista em comércio exterior, durante o Fórum de Exportação promovido pela Folha, em São Paulo.

    "Não podemos ficar presos na discussão errada, tentando importar o modelo da Coreia. Nós temos setores que trouxeram tecnologia e inovação", disse Jank, referindo-se aos produtos agrícolas.

    Ao afirmar que não faz mais sentido dividir as exportações entre básicos e manufaturados, o especialista destacou que a atividade também é sofisticada. "Para fazer um grão de soja hoje é preciso tecnologia, genética, máquinas, agroquímicos, logística. Não podemos entender [o setor] como atrasado."

    A ideia de Jank foi contestada pelo professor da Faculdade de Economia da USP e diretor da Câmara de Comércio Brasil-Israel, Paulo Feldmann. "Commodities são facilmente imitáveis, por mais que haja hoje um conteúdo tecnológico. O mais complicado é o manufaturado. É aí que deveríamos focar nossa atenção e definir os setores que serão privilegiados."

    O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, também defende incentivos às exportações de manufaturados, lembrando que o país tem pouca influência sobre as vendas de commodities, cujo preço é definido no mercado internacional.

    Nos últimos anos, o preço das commodities, principalmente as agrícolas, beneficiou as vendas brasileiras. Mas essa influência deve perder força em 2015 e em 2016.

    Com estoques globais em alta, milho, soja, açúcar e algodão estão com os preços em queda, o que acarretará em "menor protagonismo do agronegócio no saldo comercial brasileiro", disse Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, durante o fórum.

    Ele prevê uma combinação de moderação de preços e alta nos custos de produção, o que pode reduzir a atratividade de investimentos em áreas mais afastadas, como Tocantins e norte de Mato Grosso, onde os produtores enfrentam problemas logísticos.

    No caso do milho, a conta já não fecha. Com uma queda de 30% em relação ao pico deste ano, o preço do cereal não cobrirá o custo de transporte do Centro-Oeste até o porto de Santos, segundo Daniel Furlan, economista da Abiove (associação dos produtores de óleos vegetais).

    O milho é apenas um dos inúmeros exemplos de como a infraestrutura cara e deficiente tira a competitividade dos produtos em que o Brasil ainda tem condições de competir no exterior.

    "Quase um terço do custo desses produtores [de grãos do Centro-Oeste] no ano passado foi gasto com transporte. Os fretes absurdos que temos de pagar é resultado dos poucos investimentos em transporte que tivemos em face das necessidades", disse.

    Editoria de Arte/Folhapress

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