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    Diplomacia comercial se retrai no governo Dilma

    RENATA AGOSTINI
    DE BRASÍLIA
    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    01/09/2014 02h00

    O esforço do governo para promover as empresas brasileiras no exterior foi menor na Presidência de Dilma Rousseff do que sob Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), mostra levantamento feito pela Folha com dados da Presidência da República, do Itamaraty e do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

    Nos últimos quatro anos, as viagens da presidente e as missões comerciais lideradas pelo ministro caíram expressivamente. Enquanto Dilma visitou 57 destinos, Lula foi a 103 nos quatro primeiros anos de governo e a 160 no segundo mandato.

    O empenho do ministério encarregado do comércio exterior também caiu. No atual governo, a pasta teve missões comerciais a 21 países (mais quatro serão visitados ainda neste ano). Nos quatro anos anteriores, foram 42.

    Misha Japaridze-14.dez.2012/Reuters
    Dilma Rousseff visita o túmulo de soldado desconhecido durante visita à Rússia
    Dilma Rousseff visita o túmulo de soldado desconhecido durante visita à Rússia

    Fernando Pimentel, que comandou o Mdic de 2011 até fevereiro deste ano, quando saiu para concorrer ao governo de Minas Gerais, liderou três missões, passando por seis países. Seu antecessor, Miguel Jorge, comandou o triplo, chegando a 19 destinos, segundo o Mdic.

    O ex-ministro Miguel Jorge contesta os números e diz que visitou 70 países. O ministro Mauro Borges não participou de missões desde que assumiu, em fevereiro.

    O desempenho da pasta sob Dilma mostra-se ainda mais tímido se comparado ao primeiro mandato de Lula. Segundo o então ministro Luiz Fernando Furlan, foram 126 os destinos visitados em sua gestão. O Mdic não forneceu dados referentes a Furlan, alegando que estão dispersos e levaria duas semanas para reuni-los (os dados desde 2007 levaram 25 dias).

    Editoria de Arte/Folhapress

    APATIA

    A política comercial é composta de diplomacia presidencial, agenda ministerial e promoção comercial.

    O presidente "vende" o país, sela acordos e apresenta as grandes empresas brasileiras. Na África e na Ásia, onde a relação política exerce grande influencia nas decisões comerciais, tal aproximação tem ainda mais peso.

    Já o papel do ministério é derrubar barreiras às exportações, como restrições técnicas e sanitárias, e mostrar as empresas que podem suprir a demanda do país.

    O dia a dia da promoção comercial cabe à Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento), que organiza missões setoriais, participações em feiras e ações de apoio às empresas.

    Na avaliação de especialistas ouvidos pela Folha, o governo Dilma tem desempenho fraco na diplomacia presidencial e na agenda ministerial, mas avança com a Apex. Desde 2007, a agência aumentou em 20% o número de eventos realizados.

    A presença de autoridades em missões comerciais é estratégica para o setor privado. "O presidente não precisa ser um caixeiro-viajante, mas a introdução ao mercado e sua decisão política contam muito", diz Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica.

    Segundo ele, esse esforço é mais decisivo hoje, quando a oferta de "pacotes" com a venda da solução tecnológica, cooperação e equipamentos tem se mostrado a forma mais eficiente de penetrar em novos mercados.

    Editoria de Arte/Folhapress

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