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    Telefónica planeja sair da Telecom Italia se finalizar compra da GVT

    DA REUTERS

    01/09/2014 11h15

    A espanhola Telefónica planeja sair da Telecom Italia após finalizar a compra da GVT, unidade brasileira de banda larga da francesa Vivendi, disse o presidente do Conselho do grupo espanhol, César Alierta, nesta segunda-feira (1º).

    Relações tensas entre as companhias da Espanha e da Itália tiveram um ápice na semana passada, quando a Vivendi desistiu de negociar com a Telecom Italia, mantendo as conversas apenas com a Telefónica.

    A decisão foi um golpe contra a companhia italiana, que pode se transformar em alvo de aquisição na indústria de telefonia.

    A Itália enfrentou uma guerra de preços no mercado móvel no ano passado, as receitas estão caindo e a competição se mantém forte.

    A Telecom Italia tem dívidas de 32 bilhões de euros, de acordo com a agência de classificação de risco Moody's, e perdeu sua nota de grau de investimento no ano passado.

    "Após a operação da GVT a mensagem é clara, não queremos permanecer na Telecom Italia", disse Alierta para jornalistas após participar de uma conferência sobre telecomunicações em Santander, no norte da Espanha.

    A Telecom Italia não quis comentar.

    VENDA

    A Telefónica já tomou medidas nos últimos meses para vender parte de sua fatia na Telecom Italia, que detém por meio da holding Telco. A empresa espanhola deterá 8,3% dos direitos a voto na Telecom Italia depois de converter um bônus de três anos em ações da Telecom Italia.

    A Telefónica ofereceu estes direitos remanescentes à Vivendi como parte de sua oferta em dinheiro e ações pela GVT na semana passada, totalizando 7,45 bilhões de euros (R$ 21,93 bilhões), sinalizando que estava pronta para cortar laços com a Telecom Italia.

    O grupo espanhol disse que emitiria 3,4 bilhões de euros em novas ações para ajudar a financiar a parte em dinheiro do acordo com a GVT, mas Alierta disse que também pode usar ações detidas em tesouraria se as condições do mercado tornarem um aumento de capital muito difícil.

    "Não estamos preocupados sobre o financiamento do acordo com a GVT. Obviamente, podemos usar nossas ações em tesouraria para determinados fins... e se o mercado ficar histérico porque tanques russos estão entrando na Ucrânia, não é 'culpa' de nossos acionistas", disse.

    Os mercados europeus estão mirando a escalada das tensões na Ucrânia, que disse nesta segunda-feira (1º) que suas forças estão novamente sob fogo de tanques russos.

    PREOCUPAÇÕES REGULATÓRIAS

    Deixar sua participação na Telecom Italia ajudaria o grupo baseado em Madrid a acalmar reguladores sobre a concorrência no Brasil, seu segundo maior mercado atrás da Espanha em termos de geração de caixa.

    A Telefónica controla a Vivo, operadora de telefonia líder no país, que compete diretamente contra a unidade local da Telecom Italia, a TIM.

    Em dezembro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu 18 meses à Telefónica para vender sua fatia na Telecom Italia ou buscar um novo parceiro para a Vivo.

    As italianas Intesa Sanpaolo, Mediobanca e Generali formaram em 2007 a holding Telco com a Telefónica, com a meta de afastar uma oferta de aquisição da Telecom Italia pelo grupo norte-americano AT&T e pelo magnata mexicano Carlos Slim.

    Apesar de o movimento ter obtido sucesso ao evitar uma aquisição da Telecom Italia, ele acabou sendo um investimento deficitário.

    Agora a Vivendi deve aceitar a chance de assumir 5,7% das ações da Telefónica na Telecom Italia, ou 8,3% dos direitos a voto, disseram fontes à Reuters, e também pode acabar se tornando o maior investidor na companhia italiana.

    Analistas têm especulado que, mais tarde, a Vivendi também pode comprar a participação dos investidores italianos.

    Com reportagem de São Paulo

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