O presidente da Telefônica Brasil, Antonio Carlos Valente, disse nesta terça-feira (2) que está otimista com relação à apreciação do ponto de vista concorrencial da compra da GVT pela empresa, processo que deve ser formalmente concluído em até 90 dias.
"Acreditamos que a operação não deve oferecer dificuldades maiores do ponto de vista concorrencial", disse a jornalistas após evento em Brasília.
Apesar do otimismo, Valente afirmou que ainda existem etapas a serem vencidas para que o interesse de aquisição possa ser formalizado aos órgãos reguladores brasileiros. Segundo o executivo, é possível que, em menos de 90 dias, as pendências sejam resolvidas e os documentos sejam apresentados.
Desde que a francesa Vivendi anunciou que vai negociar a venda da GVT exclusivamente com a Telefônica, começou a correr um prazo de até 90 dias para que se chegue a um desenho final da operação para que ela possa ser então submetida formalmente às autoridades competentes como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Valente disse que a Telefônica Brasil está confiante de que a oferta de serviço associada à GVT não deve trazer dificuldades no que diz respeito à análise concorrencial. De acordo com o presidente da companhia no país, somente em alguns municípios de São Paulo a fusão poderá incorrer em risco de concentração de mercado.
Para Valente, a atuação da operadora é mais sólida fora do Estado. "A GVT, por razões estratégicas, procurou atuar muito fortemente no mercado fora de São Paulo", disse.
A GVT, criada há 14 anos oferecendo telefonia fixa e internet ultrarrápida, foi disputada em 2009 entre a Telefónica e a Vivendi. Os franceses adquiriram o controle da empresa por R$ 7,7 bilhões.
Naquele momento, a GVT cobria 84 cidades e detinha 2% das receitas líquidas do setor. Hoje, ela atua em 153 cidades com pacotes de telefonia fixa, internet acima de 15 Mbps e TV e conta com 1,5 milhão de clientes.
LEILÃO DE 4G
Valente disse que a Vivo questionou alguns itens do edital de licitação da frequência de 700 MHz para quarta geração (4G), que o governo pretende realizar em 30 de setembro.
Segundo o executivo, o principal questionamento refere-se ao fato de o edital não estipular valores máximos a serem gastos pelos vencedores com a limpeza das faixa, hoje usadas pela radiodifusão. "Não há limite superior para o valor necessário".
Valente disse esperar que o negócio seja concluído em um prazo ainda menor que esse.
Ele acrescentou que a empresa não está participando de supostas conversas sobre uma eventual oferta para a compra fatiada da TIM Participações juntamente com outras empresas.
TIM
O executivo afirmou que não tem informações sobre a operação de compra da TIM e que a parte brasileira do grupo não participou de nenhuma conversa a este respeito. "Não temos nada a ver com este assunto", disse.
Para Valente, no entanto, a declaração do presidente do conselho da Telefónica, César Alierta, foi um sinal claro de que o grupo pretende atender às exigências feitas pelo Cade.
Em pronunciamento nesta segunda-feira (1º), Alierta declarou que a companhia espanhola não pretende permanecer na Telecom Italia após a compra da GVT.
ÓRGÃOS REGULADORES
À Reuters, uma fonte do governo que acompanha de perto o assunto disse que a eventual compra da GVT pela Telefónica não deve enfrentar grandes dificuldades para ser aprovada pelos órgãos reguladores brasileiros.
Segundo a fonte, a análise regulatória acaba ficando menos complicada porque a GVT, operadora de banda larga fixa, telefonia fixa e TV paga, não possui licenças para uso de serviços móveis, logo, não haveria sobreposição de frequências com a Vivo, controlada da Telefónica no Brasil.
DISPUTA
Em agosto, a francesa Vivendi informou que vai entrar em negociações exclusivas com a Telefónica para a venda de sua unidade brasileira de banda larga GVT, escolhendo a oferta da espanhola em detrimento da proposta da rival Telecom Italia.
Com a decisão da companhia francesa de negociar exclusivamente a venda da GVT com a espanhola, o prazo para considerar a proposta da Telefónica, que terminava em agosto, foi ampliado em até três meses.
A Vivendi rejeitou a proposta da Telecom Italia, que havia oferecido € 7 bilhões (R$ 21 bilhões) distribuídos em dinheiro e ações para comprar a GVT.
O lance da italiana previa que a Vivendi ficasse com 15% da TIM após a fusão com a GVT (a Telecom Italia manteria uma fatia de cerca de 60%), além de 20% das ações ordinárias, que dão direito a voto, da Telecom Italia.
A proposta envolvia o pagamento de 24% do valor em dinheiro e o restante (76%) em ações.
Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress | ||