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    IBGE sofre corte de verbas porque é o 'último ano de governo', diz ministério

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    03/09/2014 13h14

    Após determinar um corte nos recursos do IBGE para 2015, o Ministério do Planejamento disse, em resposta à Folha, que "considera que o último ano de governo não é o momento adequado para tomar decisão sobre uma despesa futura desse montante".

    O valor referido é de R$ 3 bilhões, o custo estimado para a realização do Censo Agropecuário e a Contagem da População. Ambos teriam sua fase de planejamento iniciada no próximo ano.

    As pesquisas seriam realizadas, com a coleta de dados em campo, em 2016. Mas com o corte orçamentário determinado pelo Planejamento, pasta sob o comando da petista Miriam Belchior, o IBGE foi obrigado a postergar os dois levantamentos para 2017, ou seja, dois anos após a data prevista.

    Segundo o Planejamento, o corte, previsto no projeto de lei orçamentária, não corresponde a uma "decisão definitiva sobre o adiamento efetivo dessas pesquisas".

    "Caso seja definido que há espaço fiscal para se manter o calendário original para 2016 será possível ampliar a dotação do IBGE ainda em 2015 para que as ações preparatórias sejam realizadas."

    O fato é que o governo Dilma sofre uma deterioração na área fiscal, com dificuldades na arrecadação e no controle de despesas.

    ORÇAMENTO

    O IBGE pleiteava um orçamento de R$ 776 milhões para 2014.

    Seu pedido foi negado pelo ministério, que só prevê uma despesa de R$ 204 milhões –suficiente apenas para as despesas correntes do órgão e para a realização da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), que serve para atualizar o IPCA, índice oficial de inflação, pois mapeia o padrão de renda, despesa e consumo das famílias do país.

    O instituto confirmou que o custo do Censo Agro e da Contagem da População é cerca de R$ 3 bilhões.

    Os valores são bem mais altos do que pesquisas por amostra. É que, assim como o Censo tradicional, a contagem visita todos os lares do país.

    O mesmo ocorre com outro levantamento adiado, que busca informações em todas as propriedades rurais brasileiras.

    HISTÓRICO DE ATRASOS

    O Ministério afirmou ainda que "cabe lembrar que a última contagem populacional, pesquisa decenal, foi realizada em 2007".

    A pesquisa estava prevista para ser realizada em 2005, mas o governo Lula cortou recursos do IBGE, o que provocou o atraso em dois anos do levantamento.

    Especialistas, sindicalistas e técnicos do IBGE enxergam na decisão do Planejamento uma forma de desprestigiar o órgão oficial de estatística do país, que sofre com atrasos recorrentes em seu calendário de pesquisas e com o esvaziamento de seu quadro de funcionários.

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