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    Sem experiência, jovem tem dificuldade para encontrar 1º emprego

    ANDRÉ UZÊDA
    DE FORTALEZA

    19/09/2014 02h00

    Há três anos, desde que concluiu o ensino médio, a cearense Nayane Sousa, 22, busca o primeiro emprego com carteira assinada. Ela diz que sempre é eliminada pelo mesmo motivo: falta de experiência na área.

    Nayane, que durante um ano cursou uma capacitação para auxiliar administrativo, lamenta o ciclo vicioso que impede sua saída da informalidade. Ela faz bicos vendendo roupas em casa e completa a renda de R$ 300 com os R$ 112 que recebe do programa Bolsa Família.

    "Já espalhei meu currículo por vários lugares e participei de várias seleções. Sempre sou dispensada. Só se consegue emprego com indicação. Para o resto é sempre a conversa da falta de experiência", diz.

    Jarbas Oliveira/Folhapress
    Nayane de Assis, 22, e seu filho Natanael, em sua casa em Fortaleza
    Nayane de Assis, 22, e seu filho Natanael, em sua casa em Fortaleza

    Mãe de Natanael, de um ano, Nayane mora numa casa simples de cinco cômodos com a mãe e dois irmãos. A irmã mais nova, Nayara, 21, também tem um filho pequeno e busca, sem sucesso, emprego há mais de dois anos.

    "Para pessoas da nossa idade e de baixa renda é sempre mais difícil. As empresas não querem nos dar oportunidade", diz Nayane, que acredita sofrer preconceito por causa da classe social.

    A família mora no conjunto Palmeiras, na periferia de Fortaleza, uma das regiões mais pobres da cidade.

    Em levantamento feito pela prefeitura no início deste ano, com base no último censo, o bairro foi apontado como o de pior renda média mensal da capital cearense, com nota de 0,010 (a nota máxima era um ponto).

    SONHOS

    Nayane vive em casa de três quartos, sem reboco. Somente um deles tem cama. Nos demais, dorme-se em redes de pano. A mãe, Nelma, viúva, é a única com renda fixa de um salário mínimo pelo trabalho em um banco.

    Casada há dois anos, o sonho da jovem é ter uma casa própria e frequentar um curso de fisioterapia. Atualmente, o marido dela, que é servente de obra, mora na casa da mãe dele, por falta de espaço na casa da mulher.

    "Na casa de minha mãe não cabe todo mundo. Por isso temos que ficar separados. Minha luta para ter um emprego é para construir uma casa própria e ter meu espaço", diz Nayane.

    A jovem afirma que se inscreveu no programa de habitação federal Minha Casa, Minha Vida e que espera ser contemplada em 2015.

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