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    Justiça chinesa aplica multa recorde na farmacêutica Glaxosmithkline por suborno

    MARCELO NINIO
    DE PEQUIM

    19/09/2014 13h27

    A Justiça da China aplicou a multa recorde de 3 bilhões de yuans (R$ 1,15 bilhão) na farmacêutica britânica GSK (GlaxoSmithKline) por subornar médicos e hospitais para usar seus produtos e forçar altas de preços.

    A corte da cidade de Changsha, no sul do país, também condenou a pena de três anos com sursis (suspensão) o ex-chefe da GSK na China, Mark Reilly. Ele deve ser deportado do país. Outros quatro executivos da empresa também receberam penas de prisão sob suspensão, de dois a cinco anos.

    Foi a maior multa já aplicada por um tribunal chinês e reflete a crescente pressão sofrida por empresas multinacionais no país. Nas últimas semanas, várias firmas estrangeiras foram alvo de investigações antitruste.

    A GSK aceitou o veredicto e emitiu um pedido de desculpas "ao governo e ao povo da China".

    No ano passado, um executivo chinês da farmacêutica detido por corrupção apareceu na TV estatal para contar como a empresa subornava autoridades do setor de saúde para aumentar preços de remédios. Foi apenas uma da série de confissões públicas de executivos chineses e estrangeiros, que geraram críticas em relação aos métodos de coação usados pelas autoridades locais.

    A investigação sobre a GSK foi anunciada em julho do ano passado e tornou-se o maior escândalo de corrupção envolvendo uma firma estrangeira na China desde o caso da mineradora britânico-australiana Rio Tinto, em 2009, que terminou com quatro executivos condenados a penas entre quatro e sete anos de prisão.

    Após mais de um ano de investigações, a GSK foi acusada de ter lucrado US$ 150 milhões ilegalmente. "A empresa subornou, de diversas formas, funcionários de instituições médicas em todo o país, e as quantias envolvidas eram enormes", disse a corte chinesa na sessão a portas fechadas, de acordo com a agência de notícias Xinhua.

    DESCULPA

    Preocupada em não perder o gigantesco mercado chinês, a farmacêutica britânica admite que limpar sua imagem no país será uma tarefa difícil.

    "A GSK refletiu profundamente e aprendeu com seus erros, tomou atitudes para corrigir os temas identificados nas operações na China e precisa trabalhar duro para recuperar a confiança do povo chinês", destacou a empresa, num comunicado.

    A farmacêutica também está sendo investigada nos EUA e no Reino Unido por suas práticas no exterior. Embora em escala menor da descoberta na China, a empresa é acusada de corrupção na Polônia, na Síria, Iraque, Jordânia e Líbano.

    A GSK é a sexta maior farmacêutica do mundo, responsável por pesquisas de vanguarda, como a da vacina atualmente sendo testada contra o vírus ebola. Embora recorde, a multa aplicada pela Justiça chinesa equivale a apenas 4% dos lucros da empresa em 2013, segundo a agência Reuters.

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