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    Após falha na divulgação da Pnad, governo quer saída de presidente do IBGE

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    23/09/2014 02h00

    O Palácio do Planalto avalia que a melhor saída para a crise envolvendo os erros do IBGE na divulgação da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) que vieram à tona na sexta (19), é a presidente do órgão, Wasmália Bivar, pedir demissão.

    O governo, porém, não pretende tomar nenhuma decisão antes de concluídas as duas sindicâncias abertas para apurar a responsabilidade pelos erros. Na sexta, o IBGE divulgou que o peso das regiões metropolitanas havia sido superestimado em sete Estados, alterando resultados de vários indicadores.

    Reportagem desta terça-feira (23) mostra que o clima no IBGE continua tenso após os erros da Pnad, mas a avaliação é que o tom do governo "baixou" e que a presidente Wasmália Bivar não pretende se demitir.

    Com a distorção na Pnad, o índice de Gini do trabalho (medida da desigualdade a partir da distribuição dos rendimentos do trabalho) de 2013, por exemplo, foi divulgado como sendo 0,498; pelo cálculo correto, seria 0,495, contra 0,496 em 2012 (quanto mais perto de 1, maior a desigualdade).

    Segundo a Folha apurou, a presidente não quer se precipitar, para não ser acusada de cometer injustiças, mas sua equipe acredita que houve falha técnica grave, que recomendaria o afastamento da presidente do IBGE.

    Eduardo Naddar
    Wasmália Bivar, presidente do IBGE; governo criou duas comissões para investigar erro
    Wasmália Bivar, presidente do IBGE; governo criou duas comissões para investigar erro

    A expectativa dentro do governo era que Wasmália pedisse para deixar o cargo na semana passada, tão logo ficou constatado o erro. A equipe da Casa Civil avaliava que o pedido contornaria imediatamente o problema.

    A presidente do IBGE, no entanto, não pretende pedir demissão, segundo auxiliares próximos (leia texto ao lado). Como Wasmália não cedeu às pressões vindas do governo para que saísse do cargo, o Ministério do Planejamento passou a defender que qualquer medida administrativa seja tomada só depois da sindicância, que tem prazo de 30 dias.

    A posição, segundo assessores presidenciais, foi acatada por Dilma.

    No domingo (21), a presidente afirmou que o IBGE deveria ter rechecado os dados antes de publicá-los para evitar um erro "banal".

    "O que eu acho dessa questão do IBGE? Checar e rechecar números. O erro foi muito simples, não era erro complexo. Foi detectado por quem? Por todos aqueles que trabalham com microdados. Consultorias, instituições de pesquisa e tal. O IBGE tem seu mérito, que prontamente reconheceu o erro."

    A presidente afirmou ainda não acreditar em erro proposital, acrescentando que, se for constatada "qualquer falta" nas sindicâncias internas promovidas pelo governo, a presidente do órgão não poderá ficar no cargo.

    Além do índice de Gini, foram divulgados com erro dados sobre o rendimento médio do trabalhador, que passou de uma expansão de 5,7%, divulgada na quinta-feira, para alta de 3,8%.

    A renda foi modificada de R$ 1.681 para R$ 1.651. A taxa de analfabetismo foi corrigida de 8,3% para 8,5%. A expansão no número de pessoas ocupadas, que na quinta foi divulgada como 7,2%, foi alterada para 6,3%.

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