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    Consumidor deverá bancar os R$ 4 bi de subsídios extras a elétricas

    SOFIA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    23/09/2014 11h28

    O consumidor deverá bancar os R$ 4 bilhões que o governo tirou da previsão de gastos com subsídios ao setor elétrico, indicou nesta terça-feira (23) o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

    "Provavelmente vai estar passando para a tarifa e menos para transferência do governo", afirmou o ministro.

    Para Mantega, é normal que uma parte dos gastos com subsídios seja custeada pela tarifa, e desconversou quando questionado se haverá mais aumentos na conta de luz.

    "A luz já está precificada, as tarifas já aumentaram", disse.

    Depois da indicação de Mantega de que o consumidor é quem vai arcar com esses R$ 4 bilhões, o Tesouro Nacional deu uma justificativa diferente.

    O órgão informou que a previsão menor de repasse ao setor elétrico tem dois motivos: a Celg (Companhia Energética de Goiás) pagou mais de R$ 1 bilhão de um financiamento que havia tomado e houve uma revisão da estimativa da necessidade de recursos para cobrir o rombo do setor.

    O Tesouro pontua que não há sinalização de novas altas na tarifa.

    REPASSES

    Com a forte estiagem deste ano e os consequentes custos extras das distribuidoras de energia, o governo calculou uma ampliação de R$ 4 bilhões nos repasses do Tesouro ao setor elétrico, que passariam a R$ 13 bilhões no ano.

    No relatório bimestral de receitas e despesas, divulgado nesta segunda-feira (22) pelo Ministério do Planejamento, houve um recuo nessa intenção, mantendo em R$ 9 bilhões os repasses do Tesouro para o setor elétrico.

    Outra parte do socorro ao setor, que veio por meio de empréstimos que totalizam R$ 17,8 bilhões, já vai cair na conta de luz em encargos a serem incorporados à tarifa a partir de 2015.

    O recuo do subsídio do Tesouro foi uma das estratégias do governo para tentar cumprir a meta de superavit primário, de poupar R$ 99 bilhões (1,9% do PIB) num ano difícil para as contas públicas.

    FUNDO SOBERANO

    O governo empregou outro expediente contábil para aproximar suas contas da meta para o ano. Cerca de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano –criado em 2008 para fomentar investimentos– foram usados para engordar as receitas.

    A maior parte do dinheiro do fundo - R$ 12,4 bilhões - já havia sido usada para fechar as contas federais de 2012. Para Mantega, o uso desse dinheiro para cobrir despesas é legítimo.

    "O Fundo Soberano é uma poupança primária que fizemos em 2008, ele é perfeitamente utilizável. Não tem nada mais legítimo do que usar o Fundo Soberano que fizemos para cobrir uma parte das despesas. Não vejo qual a complicação disso", argumentou.

    No relatório, foram reduzidas ainda as programações de pagamentos de outros subsídios, como os agrícolas, e de dívidas arbitradas pela Justiça, conhecidas como precatórios.

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