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    BC não tem 'compromisso' de manter ação mais forte de intervenção

    VALDO CRUZ
    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    25/09/2014 02h00

    O Banco Central vai manter, até o final do mês, o ritmo mais forte de intervenção no mercado que fez o dólar à vista recuar 0,23% nesta quarta-feira (24), fechando cotado a R$ 2,401, mas não tem "nenhum compromisso" de seguir nesta política nos próximos meses.

    Segundo a Folha apurou, o BC avaliou que não fazia sentido retirar proteção cambial do mercado neste momento diante da "volatilidade" registrada na taxa cambial nos últimos dias, quando o dólar teve cinco altas seguidas, superando R$ 2,40.

    Em outubro, a decisão vai depender da evolução do mercado cambial. A tendência é manter o nível de intervenção caso voltem a ser registradas fortes oscilações diárias, mas há uma expectativa de que o mercado possa ficar mais comportado.

    Editoria de arte/Folhapress

    Reservadamente, assessores lembraram que o banco pode reduzir as operações de swap cambial (venda futura de dólar) num dia e, depois, intensificá-las, caso entenda que precisa renovar todos os contratos a vencer.

    Neste ano, o compromisso do BC é vender diariamente US$ 200 milhões em contratos novos de swap cambial até o fim de dezembro. Quanto à rolagem dos contratos em vencimento, não há nenhuma garantia de que ela será feita integralmente a partir do mês que vem.

    O BC vinha promovendo, neste mês, intervenções em ritmo para renovar 70% dos contratos que vencem no início de outubro, no valor de R$ 6,7 bilhões. Mudou a estratégia na quarta, subindo a oferta diária de rolagem de contratos de US$ 300 milhões para US$ 750 milhões, o que garante a renovação integral.

    A decisão foi tomada para evitar as altas seguidas dos últimos dias, o que deu resultado nesta quarta: o dólar comercial, utilizado em negociações do comércio exterior, recuou 1%, a maior queda diária desde 26 de agosto.

    PRESSÃO EXTERNA

    A Folha apurou que, para o BC, as maiores pressões sobre o dólar vêm de fora e não há fatores domésticos que representem um grande risco de desvalorização muito forte do real, mesmo num período de eleição presidencial.

    Assessores citam os juros 11%, que atrai investidores estrangeiros, e até a valorização do dólar verificada nos últimos dias, que reforçou o movimento de forte entrada de moeda estrangeira no país como divulgou o BC.

    Até o último dia 11, o Brasil registrava, em setembro, mais saídas do que ingressos de moeda estrangeira. O saldo estava negativo em
    US$ 327 milhões no mês.

    Desde o dia 12, no entanto, houve uma mudança nessa tendência. Com isso, até a última segunda-feira (22), o saldo do mês estava positivo em US$ 4,3 bilhões.

    Se o resultado se mantiver nesse nível, será o maior ingresso de recursos desde maio do ano passado (US$ 11 bilhões).

    Em relação à origem do dinheiro, US$ 3 bilhões são de operações financeiras. O restante, do comércio exterior.

    ENTRADA DE DÓLAR

    A entrada de dólares no país é apenas um dos fatores que influenciam a cotação da moeda norte-americana. Nem sempre o ingresso de recursos durante determinado período leva a uma valorização imediata do real.

    Um dos motivos para isso é que o mercado de negócios à vista representa uma parte inferior a 20% do total de negócios, que ficam concentrados, principalmente, no mercado de contratos futuros.

    É nesse segmento que o Banco Central vem intervindo diariamente há mais de um ano por meio das operações de swap (contratos que equivalem à venda de dólar no futuro).

    Outro fator que pode explicar movimentos aparentemente contraditórios, como a alta da cotação apesar do ingresso da moeda, é que algumas operações não são percebidas por todo o mercado.

    Este só é alertado quando a informação é divulgada pelo BC, que recebe os registros dos contratos.

    Folhainvest

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