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    Desemprego fica em 5% em agosto, mas mercado de trabalho esfria

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    25/09/2014 09h04

    Após três divulgações afetadas pela greve, o IBGE retomou nesta quinta-feira (25) a divulgação completa da Pesquisa Mensal de Emprego, que mostrou uma taxa de desemprego de 5% em agosto.

    Analistas esperavam uma taxa na ordem de 4,5% a 5% para agosto. A taxa de desemprego se mantém baixa por conta da Copa, com efeito em junho e julho, e em agosto já sob impacto das eleições, que geram empregos temporários.

    Apesar do índice ser o mais baixo para o mês desde 2002 –em agosto de 2013 o desemprego ficou em 5,3%–, os dados apontam para uma piora no mercado de trabalho, com menor ritmo de crescimento do emprego em comparação com a expansão no número de desocupados.

    Ou seja, o desemprego está baixo porque caiu a procura por trabalho, tendência que prevalece neste ano e que pode representar o desalento de uma parcela da população em idade para trabalhar.

    Um dos motivos pode ser o desalento provocado pela dificuldade maior de encontrar um trabalho que a pessoa julgue conveniente.

    Pelos dados do IBGE, o número de pessoas ocupadas cresceu 0,8%, de julho para agosto totalizando 23,139 milhões de trabalhadores. Já o total de desempregados cresceu 3,3%, para 1,2 milhão de trabalhadores.

    Apesar do aumento do número de desempregados e das pessoas ocupadas frente a julho, esses dois contingentes tiveram queda na comparação com agosto de 2013 –de 5,8% e de,04%, respectivamente.

    Editoria de Arte/Folhapress

    FORMALIZAÇÃO

    Apesar da fraca geração de vagas, o emprego com carteira segue e expansão: teve alta de 0,7% frente a julho e de 0,4% ante agosto de 2013. Esses percentuais já foram mais robustos em períodos anteriores.

    O emprego informal , sem carteira, já mostra sinais de avanço, com alta de 2,4% na comparação com agosto, embora ainda registre queda de 8,9% em relação a agosto do ano passado.

    O rendimento médio das seis regiões foi estimado em R$ 2.055,50 em agosto, com alta de 1,7% em relação a julho.

    MESES ANTERIORES

    De janeiro a agosto, a taxa média de desemprego ficou em 4,9%, também na mais baixa marca para o período –desta vez, desde 2003, já que a série não tem dados de janeiro e fevereiro de 2002.

    No mesmo período de 2013, o percentual era de 5,7%.

    O percentual de agosto supera ligeiramente a taxa de julho, de 4,9%. O resultado de junho foi de 4,8%. O de maio ficou em 4,9%.

    Segundo o IBGE, essas diferenças não têm relevância estatística.

    Todas essas taxas são a média das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE mensalmente, que deixaram de ser calculadas porque a paralisação impediu a conclusão da coleta dos dados em campo em Salvador e em Porto Alegre.

    O último dado disponível era o de abril, quando a taxa ficou em 4,9%.

    Para Cimar Azeredo, coordenador do IBGE, o número de vagas geradas em agosto foi "significativo", mas não foi suficiente para cobrir toda a procura e fazer com que a taxa de desemprego recuasse.

    Na sua visão, a taxa de desemprego se mantém estável ao longo de todo o ano, oscilando na faixa dos 5%.

    CONFIRA O RESULTADO POR REGIÃO METROPOLITANA (em %)

    MÊS RECIFE SALVADOR B. HORIZONTE RIO SÃO PAULO P. ALEGRE
    jan/14 7,4 8 3,8 3,6 5 2,8
    fev/14 6,4 9 3,9 3,9 5,5 3,3
    mar/14 5,5 9,2 3,6 3,5 5,7 3,2
    abr/14 6,3 9,1 3,6 3,5 5,2 3,2
    mai/14 7,2 9,2 3,8 3,4 5,1 3
    jun/14 6,2 9 3,9 3,2 5,1 3,7
    jul/14 6,6 8,9 4,1 3,6 4,9 4,3
    ago/14 7,1 9,3 4,22 3,01 5,12 4,8

    Fonte: IBGE

    GREVE

    O protesto dos servidores, que durou dois meses e terminou em agosto, comprometeu a média de desemprego de maio, junho e julho, calculada a partir de resultados das seis regiões metropolitanas do país, porque faltaram dados de Salvador e Porto Alegre.

    Não houve, segundo o IBGE, tempo hábil para fazer a crítica e a análise dos dados, que foram coletados em campo. A pesquisa ainda estava sendo concluída antes do fim da greve.

    O atraso na coleta dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego reduz a qualidade da informação, segundo o IBGE.

    O ideal é fazer a entrevista o mais perto possível da semana de referência porque as pessoas podem se esquecer ou confundir se procuraram ou não emprego no período da pesquisa. O IBGE sempre investiga se houve ou não procura na semana anterior à data em que o informante é visitado.

    A greve acabou após acordo entre a direção do IBGE, o sindicato e o Ministério de Planejamento para repor pagar os salários que foram descontados, com a compensação por parte dos servidores dos dias parados.

    O sindicato, que tinha como principal bandeira a equiparação salarial com outros órgãos do governo, como o Ipea. O pleito não foi atendido.

    Mas, no acordo, ficou acertado que a direção do IBGE e o sindicato apresentarão uma proposta conjunta até dezembro para reformular a carreira do IBGE e tentar aproximar os vencimentos a de outros órgãos com salários mais elevados, como o Ipea e o Banco Central.

    No nível médio, o salário-base do instituto é R$ 3.160. O sindicato afirma que, no Ipea, a remuneração no mesmo nível é 69% maior, considerando salário-base inicial, sem gratificações por qualificação ou tempo de serviço.

    Já nos cargos de nível superior, o salário-base é R$ 4.145,23, e o sindicato calcula que, no Ipea, a remuneração seja 69% superior. Nessa categoria, o salário pode chegar a R$ 8.949,03 (doutorado), sem contar adicionais por tempo de serviço e cargos comissionados.

    De novembro de 2012, quando o Congresso aprovou o acordo com 24 categorias (inclusive o IBGE) para o reajuste de 15,8% parcelado em três anos, até maio deste ano o reajuste foi de 10,1%, segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

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