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    Análise: Compra do imóvel fica em segundo plano e efeitos proliferam

    SAMY DANA
    DE COLUNISTA DA FOLHA

    26/09/2014 02h00

    A situação parece não estar fácil para construtoras e imobiliárias.

    Com a economia prevendo um crescimento tímido do PIB para 2014 –de 0,52%, de acordo com o último Boletim Focus, anunciado em setembro pelo Banco Central– e a inflação beirando o limite da banda, o consumo de imóveis tem ficado em segundo plano, e os efeitos já começam a se espalhar.

    A infinidade de leilões e saldões imobiliários que chegam a oferecer até 45% de desconto acrescidos de benefícios já demonstra o temor dos vendedores com a desaceleração da demanda, indicando um movimento de queda nos preços em um futuro próximo.

    OPORTUNIDADES IMOBILIÁRIAS

    Contudo, o argumento de que a demanda permanece intocada vigora. A demanda pode até existir, mas isso não significa que as transações estão sendo efetuadas.

    Dados do Secovi-SP mostram queda de 48,9% nas vendas e alta de 2,31% do preço do metro quadrado na capital paulista até o mês de julho, contra 3,76% de inflação no mesmo período.

    Ao que parece, os preços estão caindo, e esse fenômeno pode ter relação direta com a redução da demanda, que já não considera viável pagar preços alucinantes como os praticados até há pouco.

    O marketing, no entanto, permanece em alta. E o imóvel é sempre exaltado não somente como lar, mas também como um excelente investimento para a posteridade.

    Esse discurso, se mostra bastante contraditório: sendo o imóvel uma forma de aplicação tão vantajosa, por que, então, corretores e empresas estariam os oferecendo com desconto tão grandes?

    Na verdade, os imóveis que outrora pareciam fontes de alta rentabilidade e baixo risco, hoje não se mostram tão interessantes.

    Os preços subiram tanto que mesmo o retorno obtido tornou-se financeiramente desinteressante, ainda mais em um momento econômico delicado como o atual.

    Apesar da valorização no passado recente, esses bens têm diversos custos de manutenção, sendo o aluguel a maior fonte de rendimentos no curto e no médio prazos.

    Por isso, para comparar os ganhos oferecidos por um imóvel frente a outras aplicações, deve-se analisar a taxa de aluguel do mercado.

    Atualmente, a média da taxa de aluguel no estado de São Paulo fica entre 0,3% e 0,5% ao mês do valor total da casa ou apartamento, enquanto os títulos do tesouro, CDB e outras modalidades de baixo risco remuneram perto de 0,7% líquido ao mês.

    Mesmo para quem pretende comprar para morar, o pagamento de aluguel ainda é mais interessante, já que a taxa de financiamento do imóvel fica próxima a 1% ao mês.

    Nessas condições, pode-se considerar um capital de R$ 500 mil a ser aplicado em uma ferramenta de baixo risco (como o Tesouro), ou na compra de um imóvel.

    O Tesouro Direto oferecerá R$ 3.500 de rendimento mensal liquido, enquanto o aluguel ficará próximo a R$ 2.500, sem levar em conta os custos para manter o imóvel.

    Para quem está pensando em investir, o mercado imobiliário não se mostra como uma opção interessante.

    Os preços passaram dos limites formando uma bolha que, apesar de estar desinflando, ainda está acima do razoável.

    Um caminho é buscar alternativas em modalidades de baixo risco, tal qual o Tesouro Direto, os CDBs de bancos e as Letras de Crédito, que apresentam retornos maiores com um risco mais baixo.

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