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    Apesar de medidas do Banco Central, concessão de crédito recua em agosto

    SOFIA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    26/09/2014 11h14

    Apesar das medidas de estímulo ao crédito anunciadas pelo Banco Central, as concessões de crédito no Brasil recuaram em agosto.

    O fluxo de crédito livre no Brasil recuou 2,2%, informou o BC nesta sexta-feira (26).

    Crédito livre é o concedido sem que haja uma finalidade específica. Para pessoas físicas, essa queda foi de 3,7%, e para pessoas jurídicas, de 0,4%.

    Considerando as concessões totais, incluindo as feitas também com recursos direcionados (como para compra de imóvel e crédito agropecuário), a queda foi de 0,5%, sobre a retração de 3,9% no mês anterior.

    Ao mesmo tempo, a inadimplência continuou estável, enquanto a taxa de juros interrompeu a sequência de alta.

    O estoque total de crédito cresceu 1%, totalizando R$ 2,864 trilhões.

    Para Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, as medidas do governo de estímulo ao crédito, uma das frentes do governo para tentar aquecer a economia por meio da demanda, devem levar seis meses para terem efeito total.

    Uma das principais medidas visa estimular o crédito para compra de veículos, setor cujas vendas estão fracas neste ano.

    Em agosto, o BC definiu que o banco que elevar em 20% a média diária dessas operações de financiamento até dezembro poderá descontar os empréstimos do compulsório. Quem não cumprir a meta, não poderá fazer a dedução.

    Nos últimos 12 meses, porém, o saldo de crédito para veículos acumula queda de 2,8%. O setor de veículos preocupa o Palácio do Planalto porque está em processo de demissões e pode prejudicar a campanha de reeleição da presidente.

    Além de veículos, o saldo do cheque especial também teve queda, de 4,2% em agosto em relação a julho. A concessão de crédito consignado para pessoas físicas caiu 11,3% em agosto ante julho.

    O BC também reduziu a exigência mínima de capital para risco de crédito.

    Apesar da queda nas concessões, em volume de dinheiro, o crédito cresceu. Os empréstimos para famílias com recursos controlados tiveram alta de 2,1%, para R$ 1,34 trilhão, puxado pela alta nos financiamentos habitacional e rural.

    O com recursos livres chegou a R$ 1,52 trilhão. A recuperação em agosto está em parte associada a questões sazonais, pois julho foi um mês fraco, afirmou Maciel.

    Ele destacou que esse crescimento está acontecendo em ambiente de inadimplência relativamente baixa e estável.

    PERSPECTIVAS

    A autoridade monetária manteve a previsão de alta de 12% nos empréstimos no país.

    Essa era a expectativa da entidade antes do anúncio do pacote de estímulo ao crédito, que liberou parte dos depósitos compulsórios dos bancos para que eles emprestem mais.

    "Essas medida ajuda a não revisar para baixo [a estimativa de crédito]", disse o chefe do Departamento Econômico do BC.

    Segundo ele, liberação do compulsório e a redução do requerimento mínimo de capital para risco de crédito já estavam dentro do cenário de evolução do crédito.

    Mas o Banco Central revisou para baixo expansão do crédito livre, de 7% para 6%. Já para o crédito direcionado, o BC manteve projeção de aumento de 19%. Também foi mantida projeção para aumento do crédito oferecido por bancos públicos - 17%.

    Para os bancos privados nacionais, é esperado crescimento de 7%, a projeção anterior era de 6%. A previsão para os estrangeiros caiu de 9% para 6%.

    JUROS

    Os juros interromperam a sequência de alta. A taxa do crédito livre para a pessoa física caiu pela primeira vez em 2014, para 43,1% ao ano. O recuo, porém, é praticamente nulo: apenas 0,1 ponto percentual.

    Essas taxas vinham subindo há sete meses consecutivos.

    Os juros do crédito a pessoas físicas com recursos direcionados também caíram 0,1 ponto percentual, situando-se em 8,1% ao ano.

    Para Maciel, do BC, a taxa está oscilando no mesmo patamar desde a interrupção do ciclo de alta da Selic, no fim de maio.

    O spread bancário –diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam pelos recursos no mercado e a taxa de juros que cobram de seus clientes nos empréstimos– nas operações com recursos livres também apresentou queda, de 0,2 p.p., ficando em 21,2%.

    INADIMPLÊNCIA

    A inadimplência dos empréstimos com recursos livres manteve-se estável em agosto, em 5%. São considerados como inadimplentes os tomadores de empréstimo com atrasos superiores a 90 dias.

    Para pessoas físicas, o nível de inadimplência manteve-se em 6,6%. Para pessoas jurídicas, cresceu levemente –de 3,5% em julho a 3,6% em agosto.

    Para Maciel, há margem para reduzir a inadimplência, a níveis como o de março de 2011, quando 3,7% dos tomadores de empréstimo não pagaram seus débitos.

    Folhainvest

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