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    Jornais já preparam noticiário específico para os smartphones

    DE SÃO PAULO

    02/10/2014 02h00

    Diante da rápida proliferação de celulares com internet, desenvolver conteúdo específico se transformou no próximo passo para as empresas jornalísticas.

    "Estamos neste momento discutindo a estratégia para desenvolver um produto específico para o mobile", disse Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, no painel sobre as transformações digitais nos grandes jornais, durante o seminário internacional da Inma (Internacional News Media Association), que começou nesta quarta.

    Dividindo o palco com diretores e editores-executivos do "Estado de S. Paulo", da "Infoglobo" e da "Zero Hora", Dávila afirmou, contudo, que ainda persiste nas Redações uma "cultura voltada para a home page do computador, um produto em decadência".

    PLATAFORMAS MÓVEIS

    Segundo o diretor de desenvolvimento editorial do "Estado de S. Paulo", Roberto Gazzi, a audiência do jornal nas plataformas móveis dobrou nos últimos 12 meses e chega a 37% do total.

    No jornal "O Globo" a audiência nas plataformas móveis, segundo o editor-executivo Ascânio Seleme, é de 25%, sendo que 18% dos leitores acessa pelo celular.

    Marta Gleich, da "Zero Hora", disse que o jornal não tem conseguido acompanhar a velocidade da penetração dos celulares na vida dos brasileiros. "Estamos ficando para trás nesse trem."

    O seminário da Inma, que termina nesta quinta (2), reúne executivos de jornais de todo o país para discutir as transformações da indústria provocadas pela internet a partir de casos de sucesso no Brasil e no exterior.

    Raquel Cunha/Folhapress
    Seleme (Infoglobo), Gazzi ("O Estado"), Gleich ("ZH") e Dávila (Folha), em painel em SP
    Seleme (Infoglobo), Gazzi ("O Estado"), Gleich ("ZH") e Dávila (Folha), em painel em SP

    NOVA ROTINA

    Durante o painel dos grandes jornais brasileiros, os quatro executivos mostraram como as Redações foram transformadas para atender as demandas de um leitor que consome notícias 24 horas por dias, em diferentes plataformas.

    Se antes a rotina das Redações começava tarde e as produção era voltada exclusivamente para a edição impressa do dia seguinte, hoje elas funcionam noite e dia, com fechamentos periódicos ao longo do dia, que seguem o ritmo da audiência digital.

    "Foi uma revolução não apenas para o jornal, mas para a rotina de uns 30 editores que precisam chegar às 7h", afirmou Seleme, da "Infoglobo".

    Dávila ressaltou que a Redação da Folha tem hoje aproximadamente o mesmo número de jornalistas de dez anos atrás, pouco mais de 400, mas que desempenham muito mais atividades, produzindo conteúdo para internet, TV Folha, redes sociais e tablets, além da participação na mediação de eventos.

    Para o editor-executivo da Folha, alguns modelos de remuneração estão sendo consolidados, como o paywall (sistema de cobrança pelo conteúdo digital). "O conteúdo custa caro e não temos vergonha de cobrar por ele."

    CURADORIA E MUDANÇAS

    Na sua visão, passada a tempestade, o que vai sobreviver para o jornalismo profissional é o conceito de curadoria: "A internet é uma cacofonia de informações. Tudo é manchete, sem hierarquia. Esse papel de curador será o principal do jornalismo profissional".

    Dávila ressaltou ainda a importância, para os jornais, de manter nas Redações pessoas jovens, que pensam o jornal de forma disruptiva e poderão apontar novos caminhos. "Não podemos cometer o mesmo erro da Kodak. Precisamos ter uma célula de disrupção dentro na Redação. Se essa célula for formada por pessoas antagônicas e que até desprezem a cultura do impresso, talvez surjam grandes ideias que possam mudar o modelo de negócio."

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    9h - Resumo do Primeiro Dia
    Moderado por Paulo Mira, presidente e CEO da PHD Mobi

    9h15 - As lições de uma marca global
    Alice Ting, vice-presidente de Marca do "New York Times"

    10h - Novas experiências e possibilidades do mundo digital para notícias
    Sergio Augusto Avila Maria, Google

    11h15 - Painel Brasil: "Correio Braziliense", "Estado de Minas" e "Correio da Bahia"
    Ana Maria Dubeux Costa, diretora de Redação do "Correio Braziliense", Geraldo Teixeira da Costa Neto, diretor-executivo do "Estado de Minas", e Luiz Albuquerque, diretor-executivo do "Correio da Bahia"

    14h - Conexão direta Estocolmo - São Paulo
    Frida Boisen, editora-executiva da Expressen GT, da Suécia

    14h45 - Ruptura, Inovação e Avanço
    Ricardo Pedreira, diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais

    15h30 - Tecnologia, social e serviços de valor agregado
    Caio Túlio Costa, da MVL Comunicação

    16h45 - O jornalismo e as redes sociais
    Luis Renato Olivalves, Facebook

    17h30 - Outlook 2015: Acelerando a transformação dos jornais em companhias de notícias
    Earl J. Wilkinson, diretor-executivo e CEO da INMA

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