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    BCE anuncia medidas para incentivar crédito e evitar deflação na Europa

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    02/10/2014 14h51

    O Banco Central Europeu anunciou nesta quinta-feira (2) detalhes do programa de compra de dívidas privadas para estimular o crédito e estancar os sinais de estagnação de sua economia.

    A operação na zona do euro começa em meados deste mês e deve durar dois anos, anunciou o presidente do BCE, Mario Draghi.

    O foco são compras de bônus cobertos e títulos lastreados em ativos (conhecidos em inglês como ABS). Draghi disse que há uma estimativa de injetar até € 1 trilhão nessas transações.

    Basicamente, a transferência dessas dívidas para o balanço do BCE aumentará a margem dos bancos para oferecer mais crédito a empresas e pessoas físicas, ou seja, emprestar mais dinheiro e movimentar a economia.

    "As novas medidas vão apoiar os segmentos de mercado específicos que desempenham um papel fundamental no financiamento da economia", declarou Draghi, após reunião em Nápoles (Itália).

    Draghi informou ainda que o órgão decidiu manter sua principal taxa de refinanciamento em 0,05%, assim como em -0,20% a de depósitos - ambas foram reduzidas em setembro em outro movimento do banco central diante do cenário de lenta recuperação.

    Ao interferir agora na compra de títulos, o BCE tenta também, além de baratear o crédito, manter o ritmo de recuperação da economia do bloco para afastar no curto prazo a possibilidade de deflação - a inflação desacelerou a 0,3% no mês de setembro, sendo que a meta é próximo de 2% ao ano.

    "Nossas medidas buscam o o caminho através da economia para um retorno das taxas de inflação a níveis mais próximos do nosso objetivo", defendeu Draghi. Segundo ele, as medidas, consideradas excepcionais, são unânimes dentro do conselho de governo do BCE.

    DETALHES

    Diante da expectativa do mercado, o BCE detalhou como deve ser a operação de compra de bônus cobertos e de ABS.

    O primeiro, comum na Europa para captação de recursos, atinge sobretudo dívidas hipotecárias, com uma garantia: mesmo que a instituição bancária vá à falência, os títulos continuam à disposição dos investidores.

    É considerado, em tese, mais seguro do que o ABS, este atrelado a ativos de empréstimos a pessoas físicas e jurídicas, incluindo, por exemplo, cartão de crédito e venda de veículos.

    De acordo com as regras divulgadas nesta quinta, para serem comprados pelo BCE, os títulos devem ser, entre outras coisas, operados apenas no bloco, em euro e com país emissor na zona da mesma moeda. Já os bônus cobertos devem ser emitidos por instituição de crédito da área do euro e ser liquidada dentro dela.

    A economista Azad Zangana, da gestora de fundos britânica Schroders, criticou a falta de mais detalhes sobre de quem vai comprar dívidas e quanto o BCE vai realmente injetar nessa operação. Ressaltou ainda que medidas excepcionais como as anunciadas nesta quinta refletem a apreensão com o futuro da zona do euro.

    "A mensagem clara é que a política monetária na Europa vai continuar frouxa por muito tempo, em contraste com a dos Estados e do Reino Unido, mercados que esperam crescimento na taxa de juros no próximo ano", disse.

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