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    Mantega comemora alta da indústria e diz que fará superavit 'possível'

    DE SÃO PAULO

    02/10/2014 19h48

    O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o esboço de retomada da indústria em agosto, que repetiu o desempenho de julho com expansão de 0,7% em relação ao mês anterior, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (2). Mas ponderou que o resultado do ano ainda é incerto.

    "A indústria teve uma trajetória de queda no primeiro semestre, mas agora está em trajetória ascendente. O resultado final nós só vamos saber no final do ano, de acordo com o que acontecer nos próximos meses", concluiu.

    Nas palavras do ministro, "se o comércio se recuperar e começar a vender mais, vai queimar os estoques que estão acumulados. A indústria voltará a produzir."

    Ele minimizou o impacto das recentes notícias de parada temporária na produção na indústria automobilística e afirmou que as férias coletivas planejadas ou já anunciadas por montadoras como Ford, Mercedes, Volkswagen e Renault fazem parte de um ajuste de estoques.

    Em agosto, uma das maiores retrações na indústria ficou com veículos, que mostraram perda de 1,5%.

    "As empresas precisam queimar estoques para voltar a produzir mais. Elas regulam esses períodos com férias coletivas ou mesmo lay-off. A GM está fazendo lay-off de São José dos Campos, que é um problema antigo que ela tinha. Ela já desativou marcas que produzia em São José dos Campos e ficou lá com os trabalhadores por uma questão de acordos salariais."

    A General Motors anunciou ontem um programa de demissão voluntária para os funcionários das fábricas de São José dos Campos e também de São Caetano do Sul (SP).

    Férias coletivas não são um problema, segundo o ministro. "O problema é quando tem demissão. E eles têm um acordo comigo de não demissão. É claro que o programa de demissão voluntária e dos que estão se aposentando não tem problema", afirmou.

    Para os próximos meses, a estimativa do ministro é de alta nas vendas devido à liberação de crédito.

    SUPERAVIT PRIMÁRIO

    O ministro brincou se estava sendo demitido por jornalistas ao ser questionado sobre se entregará o cargo com a economia melhor do que recebeu. "Você já está pensando em me mandar embora?"

    Com ou sem ele, para o futuro da economia no curto prazo, Mantega recomendou que é preciso manter a política desenvolvimentista e não caminhar para uma política neoliberal conservadora. "Significa continuar mantendo a política industrial, os estímulos para o aumento dos investimentos e para a inovação", disse Mantega, ponderando a necessidade de realizar ajustes fiscais e de política monetária.

    Para este ano, ele afirmou que a Fazenda "vai fazer o superavit primário possível dentro das condições em que nós estamos". "Continuamos trabalhando para fazer o maior superavit primário."

    A meta do governo central é de poupar R$ 80,8 bilhões até dezembro. A meta fiscal total do governo - contando Estados e municípios - é de poupar R$ 99 bilhões, o equivalente a 1,9% do PIB.

    Em agosto, o Estado registrou o seu quarto mês seguido de rombo fiscal, com as despesas excedendo a arrecadação em R$ 14,46 bilhões. O deficit é reflexo da queda nas receitas, devido à desaceleração econômica do país, que entrou em recessão técnica no primeiro semestre do ano.

    Em decorrência da dificuldade para cumprir o superavit, o governo estuda rever a meta fiscal, o que só deve ser feito após as eleições presidenciais.

    COMBUSTÍVEL

    Sobre a perspectiva de reajuste de preços da gasolina, o ministro ironizou que reajustes de preços acontecem todos os anos em energia elétrica, remédios, planos de saúde e que esse ano não será diferente.
    Ele voltou a afirmar que a inflação está dentro da meta.

    "Tivemos uma inflação provocada principalmente pela seca, que pressionou o preço de alimentos no início do ano. Temos um adicional no IPCA [índice oficial de inflação] que depende do aumento do preço da energia elétrica. Nós poderíamos estar com o IPCA mais baixo, não fosse isso. Mas está sob controle", disse Mantega.

    "Reduzimos a inflação nos últimos meses, principalmente a de alimentos, embora agora com a entressafra alguns produtos podem subir, como sobem todos os anos. A Petrobras não se baseia em cálculos de inflação para determinar quando vai dar um aumento", completou.

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