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    Bolsa cai 3,4% afetada por pessimismo no exterior e pesquisas; dólar sobe

    DE SÃO PAULO

    10/10/2014 17h36

    A Bolsa brasileira fechou em baixa nesta sexta-feira (10), refletindo uma maior cautela dos investidores após resultados de pesquisas eleitorais mostrarem empate técnico entre os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) no segundo turno.

    O dia também foi marcado por preocupações em torno do crescimento econômico mundial que fizeram com que os principais mercados acionários globais caíssem.

    O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou o dia com queda de 3,42%, a 55.311 pontos. Na semana, o índice acumulou alta de 1,42%. No mês, o avanço é de 2,2%.

    O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 7,4 bilhões.

    O cenário eleitoral mais uma vez influenciou o mercado acionário brasileiro, após a divulgação de pesquisas Datafolha e Ibope que apontaram empate técnico entre o tucano e a atual presidente.

    De acordo com o Datafolha, o candidato tucano tinha 51% das intenções de voto válido, contra 49% de Dilma.

    É uma situação de empate técnico, já que a margem de erro é de dois pontos. Assim, o tucano pode ter entre 49% e 53%, a petista pode ter entre 47% e 51%

    A pesquisa Ibope também apontou empate técnico na intenção de voto entre os dois candidatos, com vantagem numérica para Aécio Neves (PSDB).

    "A Bolsa tem se descolado do exterior. Hoje, caiu basicamente por causa do cenário eleitoral. O mercado não interpretou positivamente o resultado das pesquisas Datafolha e Ibope", afirma William Araújo, executivo da equipe de análises da UM Investimentos.

    "Um levantamento que saiu um dia antes de Datafolha e Ibope apontava uma alta maior do Aécio. Com o empate técnico, o mercado já começou a ficar mais cauteloso, temendo uma mudança do cenário dos candidatos", completa.

    A visão é a mesma de Pedro Galdi, economista-chefe da SLW Corretora. "Os investidores aproveitaram para realizar lucro após as pesquisas Ibope e Datafolha mostrarem uma margem menor do Aécio do que a esperada pelo mercado, que se baseava em duas pesquisas regionais publicadas antes e que davam uma vantagem maior ao tucano", diz.

    Neste final de semana estão previstas as divulgações de pesquisas Sensus e Vox Populi. Para Araújo, esses devem ser os principais fatores de influência sobre a Bolsa na segunda-feira, dia de agenda esvaziada.

    Os investidores também estiveram atentos aos dados de emprego na indústria, que mostraram recuo na esteira da menor confiança dos empresários do setor e na crise que o ramo atravessa, com previsão de queda na produção neste ano.

    Em agosto de 2014, o pessoal ocupado na indústria caiu 0,4% frente ao julho. Nesses cinco meses de queda, o emprego acumula uma perda de 2,9%. Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira pelo IBGE.

    Em relação a agosto de 2013, o emprego industrial mostrou queda de 3,6%. Trata-se do 35º resultado negativo consecutivo nesse tipo de comparação.

    EXTERIOR

    No cenário internacional, as principais Bolsas também caíram nesta sexta-feira, com preocupações de investidores com o ritmo do crescimento global e da Alemanha, maior economia da região.

    A Alemanha é um dos mercados da Europa com melhor desempenho desde a crise financeira de 2008. O índice da Bolsa de Frankfurt, o DAX, atingiu a mínima de um ano diante de preocupações com o crescimento econômico mundial, após alerta divulgado por relatório do FMI. O índice caiu 2,4%, a 8.788 pontos.

    As demais Bolsas europeias fecharam o dia em baixa. Em Londres, o índice FTSE 100 recuou 1,43%, a 6.339 pontos. Em Paris, o CAC-40 teve queda de 1,64%, a 4.073 pontos.

    Já em Milão, o índice Ftse/Mib caiu 0,94%, a 19.200 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou perda de 1,2%, a 10.150 pontos. E em Lisboa o índice PSI-20 desvalorizou-se 1,06%, a 5.221 pontos.

    Nos Estados Unidos, as Bolsas também caíram. O índice Dow Jones perdeu 0,69%, a 16.544 pontos, o S&P 500 teve desvalorização de 1,15%, a 1.906 pontos, e a Nasdaq encerrou o dia com queda de 2,33%, a 4.276 pontos.

    "Há um movimento de proteção e cautela no exterior. Não é uma crise financeira, mas sim um ciclo de crescimento econômico um pouco abaixo do esperado. Com isso, o mercado tem que reajustar os preços dos ativos financeiros", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos Invx Global.

    AÇÕES

    Das 70 ações negociadas no Ibovespa, 67 caíram e três subiram.

    A maior baixa do pregão ficou com os papéis da Cosan Logística, com perda de 9,83%, a R$ 3,67. A empresa estreou na Bolsa na segunda-feira.

    A ações da BR Malls caíram 6,67%, e as da Rossi Residencial fecharam em baixa de 6,54%.

    Entre as estatais, as ações preferenciais da Petrobras encerraram o dia com desvalorização de 5,57%, a R$ 20,02. Os papéis ordinários caíram 5,46%, a R$ 18,87.

    As ações do Banco do Brasil perderam 4,43%, a R$ 30,20. Os papéis preferenciais da Eletrobras caíram 5,12%, a R$ 9,82, e os ordinários registraram desvalorização de 4,80%, a R$ 6,74.

    Os papéis de bancos também tiveram queda nesta sexta-feira. As ações do Itaú caíram 3,92%, a R$ 35,33, e as do Bradesco fecharam em baixa de 4,82%, a R$ 36,32.

    No sentido oposto, as ações preferenciais da Oi subiram 0,76%, a R$ 1,33, após dois dias de queda. Já as ações de Fibria e Suzano encerraram o dia com alta. "Esses dois últimos papéis foram influenciados pela alta do dólar, pois essas empresas são exportadoras", afirma William Araújo, da UM Investimentos.

    DÓLAR

    No mercado cambial, o dólar fechou o dia em alta diante do real. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,79%, a R$ 2,407. Já o dólar comercial, usado em transações de comércio exterior, fechou o dia com valorização de 1,12%, a R$ 2,424.

    Das 24 principais moedas emergentes, o real foi a que mais se desvalorizou em relação ao dólar.

    "O mercado está exagerado, com muita volatilidade. Os investidores estão extremamente sensíveis a qualquer sinal de pesquisa, e estão otimistas demais em relação ao Aécio. Eles estavam trabalhando com uma diferença maior entre os dois candidatos. Quando saíram as pesquisas Datafolha e Ibope, acabaram adotando uma posição de mais cautela", afirma Ítalo Santos, especialista em câmbio da corretora Icap do Brasil.

    Para ele, atualmente o mercado não trabalha com a hipótese de uma vitória petista nas eleições. "Hoje está bem longe de estar precificada a vitória do PT. O mercado não quer acreditar que isso seja possível, então se essa hipótese ocorrer, o choque pode ser grande" avalia.

    Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, oferecendo 4.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com vencimentos em 1º de junho e 1º de setembro de 2015. Foram vendidos 3.500 contratos para 1º de junho e 500 para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,7 milhões.

    O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de 8.000 contratos de swap para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 36% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.

    Folhainvest

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