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    Milionários do planeta abocanham imóveis emblemáticos em locais nobres

    JENNIFER BISSELL
    DO "FINANCIAL TIMES"

    11/10/2014 02h00

    "As oportunidades não têm fronteiras", diz Donald Trump. E o bilionário magnata dos imóveis deve saber do que fala: com novos projetos residenciais e de escritórios em lugares tão diversos quanto a Índia, Brasil e Geórgia, o momento é empolgante para a diversificação, ele disse ao "Financial Times". "Estamos nos expandindo internacionalmente já há algum tempo... Há muitas oportunidades, e muitos bons motivos para fazê-lo".

    Trump é conhecido por ter feito sua primeira e sua segunda fortunas no mercado de imóveis, mas agora ele conta com a companhia de uma classe emergente de investidores imobiliários, muitos dos quais enriqueceram em outros ramos.

    Amancio Ortega Gaona, o quarto homem mais rico do planeta e fundador da cadeia de varejo de moda Zara, criou um portfólio de imóveis que, segundo a Bloomberg, pode atingir valor de mais de US$ 6,1 bilhões.

    A holding de Ortega, a Ponte Gadea (também conhecida como Pontegadea Inversiones) recentemente abocanhou a Devonshire House em Londres por US$ 400 milhões, e um imóvel no Meatpacking District de Nova York por US$ 94 milhões.

    PRIMEIRA LINHA

    Os muito ricos sempre investiram suas fortunas em imóveis, mas com a chegada de novos investidores de destaque, a exemplo de Ortega, o setor imobiliário mundial vem ganhando força como ativo de primeira linha.

    Ainda que os valores estimados das carteiras de imóveis de Trump e Ortega sejam comparáveis, o empreendedor norte-americano descarta qualquer sugestão de concorrência dizendo que "costumo estar à frente nessas coisas".

    Indivíduos com patrimônio pessoal muito elevado (da ordem de mais de US$ 30 milhões) tendem a deter cerca de um quarto de seu patrimônio na forma de imóveis, de acordo com o "Relatório Patrimonial 2014" da Knight Frank.

    A porcentagem de seu patrimônio total investida em imóveis subiu ante a registrada no ano passado, de acordo com a mesma pesquisa.

    As lembranças da crise econômica –causada em parte pelo colapso no valor de investimento de hipotecas sobre imóveis de baixo custo comercializadas em forma de pacotes– estão perdendo a força; o topo do mercado imobiliário vem passando por uma alta exponencial, e os imóveis comerciais vivem um boom.

    ALTA NOS IMÓVEIS

    No geral, os investidores –privados e outros– gastaram US$ 1,2 trilhão em imóveis comerciais em 2013, alta de quase 80% ante 2010, de acordo com a Real Capital Analytics, uma companhia que se concentra nos imóveis comerciais como mercado de investimento.

    Com US$ 51 bilhões fluindo para os imóveis comerciais de primeira linha (aqueles cujo valor ultrapassa US$ 10 milhões) apenas este ano, Nova York e Londres continuam a ser destinos preferenciais para os investidores em busca de oportunidades.

    As duas cidades oferecem história, localização privilegiada e riqueza estabelecida há muito tempo, de acordo com os consultores da Knight Frank Real Estate. E as duas são vistas como portos seguros para investidores em fuga diante de incertezas nacionais, políticas ou econômicas.

    "Sempre que há muita confusão acontecendo no mundo, ou que pareça haver, se torna especialmente atraente para os investidores de áreas conturbadas aplicar seu dinheiro em outros lugares", disse Ben Carlos Thypin, analista de mercado da Real Capital Analytics.

    COMERCIAIS

    "Os imóveis comerciais oferecem rendimento firme como o dos títulos de dívidas, propiciados pelos aluguéis, mas com potencial de alta semelhante ao das ações, quando o valor dos aluguéis começa a subir", escreveu Peter MacColl, diretor mundial de mercados de capital na Knight Frank, no "Relatório Patrimonial 2014".

    Fundos de pensão e fundos nacionais de investimento, tradicionalmente compradores preferenciais de títulos, se tornaram, com isso, participantes importantes do mercado de imóveis, afirmou MacColl, seguidos rapidamente por investidores individuais de alto patrimônio.

    Uma pesquisa da Knight Frank com mais de 23 mil pessoas de altíssimo patrimônio revelou que mais de 40% delas haviam ampliado o montante que destinam ao investimento imobiliário, no ano passado, e que outros 47% planejavam fazer o mesmo em 2014.

    "Os imóveis comerciais receberam um influxo de capital sem precedentes", diz Spencer Levy, diretor de pesquisa da CBRE para o mercado dos Estados Unidos, "especialmente de investidores estrangeiros".

    MERCADOS ASIÁTICOS

    Os investidores de alto patrimônio no segmento de imóveis comerciais tendem a investir nos mesmos mercados em que adquiririam casas, por exemplo Miami, Los Angeles e San Francisco –mas a Ásia também vem ganhando importância.

    Quase metade de todos os investimentos em imóveis comerciais de primeira linha registrados este ano tanto vieram de quanto foram direcionados aos mercados asiáticos, segundo a Real Capital Analytics.

    Um afrouxamento na regulamentação, especialmente na China e Taiwan, ajudou a estimular o mercado mundial, de acordo com a CBRE, com autorização a investimentos no exterior, alocações mais elevadas para os imóveis, e processos mais simples de aprovação.

    Pesquisas sugerem que os investidores privados estão cada vez mais optando por aquisições que envolvam propriedade direta, em contraste com o investimento por meio de intermediários, fundos mistos e parcerias familiares, nos quais tanto riscos quanto lucros são compartilhados com terceiros.

    O número de pessoas com patrimônio considerado como altíssimo subiu em 3% no ano passado em todo o mundo e, segundo a Knight Frank deve crescer em mais 38% na próxima década.

    O boom no mercado residencial está alimentando o interesse quanto ao setor comercial. Em Nova York, antes que fosse aberto o escritório para vendas residenciais do One57, um edifício residencial de 90 andares, a incorporadora já havia vendido quatro unidades, cada qual em valor de aproximadamente US$ 150 milhões, para compradores estrangeiros, diz Howard Lorber, presidente do conselho da imobiliária Douglas Elliman.

    DEMANDA CONTÍNUA

    Embora o mercado imobiliário tenda a ser cíclico, Lorber diz que a demanda das pessoas de altíssimo patrimônio continuará a existir, especialmente em Nova York e Londres, onde existe mais transparência e estabilidade, econômica e política.

    Cerca de 15% das pessoas de altíssimo patrimônio do planeta estão considerando mudar seu país de residência primária, de acordo com estimativas da Knight Frank, e Estados Unidos e Reino Unido estão no topo da lista dos destinos pretendidos.

    "As pessoas compram obras de arte, as penduram em suas casas, olham para elas e as amam. Não sou esse tipo de pessoa, mas penso assim sobre imóveis... É algo que você pode apreciar esteticamente enquanto seu valor sobe".

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