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    'Caixinha de troco' ganha versões virtuais

    FILIPE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    19/10/2014 02h00

    Uma caixa de moedinhas a serem doadas a instituições de caridade. Só que na internet e com lucro para o instalador do "cofre". Novas empresas estão lançando serviços virtuais que fazem mais ou menos isso.

    A estratégia dessas start-ups (empresas iniciantes de tecnologia) é selecionar ONGs que podem ser ajudadas pelos consumidores e fechar parcerias com grandes empresas que aceitam reverter parte de suas vendas para estas instituições. Em troca, elas ganham o direito de divulgar produtos e marcas.

    Raquel Cunha/Folhapress
    Jimmy Peixoto, que é presidente do Piggme, site que mistura rede social e filantropia
    Jimmy Peixoto, que é presidente do Piggme, site que mistura rede social e filantropia

    A empresa Pólen, por exemplo, permite que qualquer pessoa instale um aplicativo no navegador Google Chrome. Quando alguém que tem esse aplicativo faz uma compra em loja parceira da companhia, pode reverter um percentual da venda para uma entre as 19 ONGs selecionadas pela start-up.

    Fernando Ott, 25, sócio do Pólen, diz que a loja virtual parceira define qual o valor de doação referente a cada produto. O Pólen fica com uma comissão de 35% desse valor e o restante é doado. Atualmente, 40 lojas virtuais são parceiras da empresa.

    Ott diz que, para essas companhias, o valor da comissão não é impactante em suas margens de lucro. Como seus sites aparecem em destaque quando o usuário busca as empresas que fazem doações, o investimento acaba sendo o mesmo de anunciar em portais como o Google, afirma.

    Outra empresa, a Piggme, mistura o consumo filantrópico com uma rede social. Jimmy Peixoto, 35, presidente-executivo da empresa, conta que qualquer pessoa pode usar a ferramenta como meio de comunicação.

    Para usuários que pagam uma mensalidade de R$ 9,90, a empresa dá acesso a uma promoção diária, oferecida por uma companhia parceira. O valor total dessas compras é revertido para uma instituição filantrópica. Hoje, há 35 ONGs cadastradas.

    O site também incentiva doações diretas "Fazemos campanhas do tipo qual o tamanho de seu coração?'. Se a pessoa comprou um ingresso de cinema por R$ 0,99, sugerimos que doe mais para compensar sua economia."

    Para iniciar o Piggme, Peixoto investiu R$ 1 milhão com o empresário Francisco Valim (ex-presidente de empresas como Via Varejo e Oi). Em junho, a companhia recebeu R$ 3,2 milhões adicionais do fundo Haya Investimentos.

    Alessandro Saade, professor da Business School São Paulo, diz que tornar essas empresas lucrativas é um grande desafio –elas precisam ter um número enorme de usuários para sobreviver com pequenas comissões.

    Talita André, coordenadora de comunicação da Artemisia, diz que unir consumo e doação é positivo tanto para quem quer doar, devido à facilidade oferecida para a descoberta de boas instituições, como para as empresas, que conseguem associar suas marcas a causas positivas.

    Um ponto de atenção está na escolha das ONGs e empresas parceiras. "Se ela destaca uma organização parceira que, no outro dia, está em um escândalo de jornal ou que se sabe que suas práticas não são claras, isso será fatal para sua própria reputação", diz André.

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