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    Brasileira dribla crise e cria império da salsa na Espanha

    LUISA BELCHIOR MOSKOVICS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM VALÊNCIA

    19/10/2014 02h00

    Ela se chama Anita, é brasileira, morena e dança sensualmente enquanto multidões a imitam. Ao contrário da homônima de sucesso no Brasil, Anita Santos Rubín vive longe do país e dos hits de rádios: sua dança, que virou negócio, é a salsa, estilo no qual é campeã mundial.

    Na Espanha, onde vive desde os 15 anos, a paranaense fundou um império.

    Além dos títulos, foi estrela de um programa de dança na TV, montou companhias de dança, uma academia de ritmos latinos em Barcelona, criou uma marca de sapatos e leva centenas de pessoas a eventos de salsa na Europa e fora dela.

    A reportagem acompanhou a brasileira no principal congresso de salsa na Espanha, em agosto em Valência. Anita e o uruguaio Adrián Rodríguez, seu par de dança, eram a atração do evento, onde cerca de 1.500 pessoas pagaram € 80 (cerca de R$ 250) para participar de suas aulas.

    Após as lições durante o dia, passava as noites dançando com fãs e posando sorridente para fotos, um dos segredos para manter seu império, segundo ela. "Nunca posso estar doente. Em dez anos, só faltei a um evento."

    Anita conta como passou, em pouco mais de cinco anos e no ápice da crise espanhola, de bailarina adolescente no Rio a uma das empresárias de salsa mais bem sucedidas da Europa.

    As sandálias com a marca de Adrián e Anita, que custam € 144 (cerca de R$ 446) são as mais vendidas na loja de sapatos de dança Reina, em Madri. Já as aulas saem por € 50 (cerca de R$ 155).

    Seus primeiros passos começaram longe do mundo empresarial e movimentos sensuais. Bailarina clássica por formação, a brasileira fazia parte do conservatório do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, mas teve a carreira interrompida por um acidente de carro. Sem indenização, foi à Espanha, país natal de seu pai. Operada, foi aceita no corpo do Ballet de Zaragoza, que, com a crise, fechou.

    Sem trabalho, foi a festas de música latina e se apaixonou pela salsa. Em uma delas, o já dançarino Adrián Rodríguez notou seu potencial e a convidou para formar uma dupla de competição.

    Em menos de um ano, o par chegou à disputa maior, o Aberto Mundial de Salsa em Porto Rico. Venceram em 2007, 2008 e 2011, e em 2008 e 2009, ganharam na Grécia.

    Apesar de brasileira, compete pela Espanha, mas não abre mão de levar a bandeira de seu país ao pódio. "Ser do Brasil dá um 'plus'", diz.

    Foi com a marca brasileira que ela também estrelou, por cinco temporadas, o programa "Mira Quién Baila" ("Olhe Quem Está Dançando", em tradução livre), no qual ensinava o ritmo a famosos.

    Hoje, é também o braço empresarial da dupla. "Faço preços, fecho [participação em] congressos e procuro responder rápido a emails."

    Monitora ainda virtualmente 40 duplas de danças latinas, treina novas coreografias e cuida da academia em Barcelona, onde planeja seu futuro -no qual o Brasil, por ora, não está incluído.

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