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    Sem fábrica própria, cervejeiros viram 'produtores ciganos'

    ANDRÉ CABETTE FÁBIO
    DE SÃO PAULO

    20/10/2014 02h00

    Formado em engenharia, André Cancegliero, 36, trabalhou em bancos por dez anos antes de decidir que queria se tornar um microcervejeiro. Mas tinha um problema: construir uma fábrica como desejava e começar a produzir custaria R$ 11 milhões.

    A solução foi se tornar um "cervejeiro cigano", ou seja, produzir com a estrutura de outra cervejaria.

    Ele lançou sua marca, a Urbana, em agosto de 2013 alugando espaço na cervejaria Blondine, em Itupeva (SP).

    O convite veio do dono da indústria, Aloísio Xerfan. Cancegliero gastou menos de 5% do que desembolsaria se tivesse uma fábrica própria, sem os riscos de construir e manter uma grande estrutura -e sem a pressão de crescer rapidamente para usar toda a capacidade.

    O investimento inicial foi de R$ 600 mil para produzir 6.000 litros. Com crescimento médio de 20% ao mês, a Urbana produz hoje até 20 mil litros mensais, com faturamento médio de R$ 200 mil por mês.

    David Michelsohn, 37, é outro dos cervejeiros ciganos que produzem dessa forma.

    "Já estou há um ano no mercado e não vendo 10 mil litros por mês. Uma fábrica é para quem tem patrimônio suficiente para um ou dois anos de vendas ruins."

    Ele produz em três cervejarias, mas já passou por seis fábricas diferentes.

    Hoje, a fábrica da Blondine produz 120 mil litros por mês. De acordo com Xerfan, cerca de 36 mil litros são de três cervejarias parceiras.

    A fábrica divide custos de manutenção e diminui sua capacidade ociosa, mas Xerfan diz não querer novos cervejeiros agora, para ter mais espaço para experimentação.

    SEM AMARRAS
    Luciano Martins Silva, 25, é sócio da distribuidora Cervejaria Sazonal com dois amigos. Cada um comanda uma marca própria dentro da empresa, que desenvolve receitas individuais.

    Cada lote é produzido com base num contrato pontual com uma cervejaria. Desde junho deste ano, foram quatro lançamentos de 3.000 litros cada um: três em uma fábrica de Ribeirão Preto (SP) e um na cervejaria Tupiniquim, de Porto Alegre (RS).

    "Não temos contrato fechado porque não é interessante pela variedade que produzimos", diz. A distribuidora tem lançado um lote a cada dois meses, com meta de crescer para dois por mês.

    Fernando Jaeger, 37, é sócio da Tupiniquim. Ele diz que 5.000 litros da capacidade de 30 mil litros são de parceiros pontuais, entre eles duas marcas estrangeiras.

    Para o empresário, fazer esse tipo de parceria é importante para atender a novos segmentos. "Com os parceiros, a gente agrega cervejas de tipos diferentes ao portfólio da empresa e tem mais para oferecer quando entramos em um mercado", afirma.

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