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    Dólar vai a R$ 2,51 e Bolsa zera ganhos no ano com especulação eleitoral

    DE SÃO PAULO

    23/10/2014 17h25 - Atualizado às 17h58

    O dólar fechou em alta superior a 1% e a Bolsa zerou os ganhos no ano em meio a especulações que indicavam uma vantagem maior da presidente Dilma Rousseff (PT) em relação a Aécio Neves na pesquisa Ibope.

    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,03%, a R$ 2,510, no maior patamar desde 4 de dezembro de 2008, quando a moeda encerrou cotada a R$ 2,516. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve alta de 1,29%, a R$ 2,513, o maior nível também desde 4 de dezembro de 2008, quando encerrou cotada a R$ 2,536.

    Já a Bolsa zerou os ganhos no ano e, agora, cai 1,5%. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário, fechou em baixa de 3,24%, a 50.713 pontos, no menor patamar desde 15 de abril deste ano, quando fechou a 50.454 pontos. Foi o quarto pregão seguido de queda da Bolsa. Das 70 ações negociadas no índice, 57 caíram e 13 subiram.

    No mercado cambial, o real registrou a maior desvalorização em relação ao dólar entre as 24 principais moedas emergentes.

    Editoria de arte/Folhapress

    A especulação em torno da nova pesquisa Ibope influenciou a cotação da moeda americana nesta sessão, afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. No início da tarde, o colunista Lauro Jardim, da revista "Veja", noticiou que o Ibope a ser divulgado nesta noite mostraria a presidente Dilma Rousseff (PT) à frente nas intenções de voto e fora da margem de erro.

    A pesquisa, divulgada logo após o fechamento do mercado, acabou mostrando a presidente com 54% dos votos válidos, enquanto o tucano aparece com 46%. Já o Datafolha, publicado no mesmo horário, trouxe Dilma com 53% dos votos válidos, seis pontos à frente de Aécio.

    "Foi um fator mais do que relevante para o mercado puxar o dólar para cima, já precificando uma vitória da Dilma no domingo", afirma Galhardo. "Por enquanto, o Banco Central só acompanhou essa movimentação de alta da moeda americana, mas, quando passar o peso da eleição, vai ter mais liberdade para atuar no mercado cambial de forma mais eficaz e agressiva para conter essa alta", ressalta.

    "Essa alta é por causa especificamente de especulação sobre cenário político, e deixa de lado qualquer análise fundamental de economia. O preço técnico do dólar, por causa do cenário econômico ruim, é entre R$ 2,30 e R$ 2,35. Acima disso é especulação", avalia Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora.

    Segundo ele, uma reeleição de Dilma poderia aumentar a aversão ao risco dos investidores e fazer o dólar atingir R$ 2,70.

    "Aí seria necessário ver até onde o Banco Central deixaria o dólar chegar. O BC ainda não entrou no mercado à vista [ou seja, vendeu dólares para baixar o preço da moeda], mas poderia entrar e derrubar a cotação. Ele tem que levar em conta a inflação e o endividamento da União antes de intervir", afirma Bergallo.

    Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade a suas atuações diárias no mercado de câmbio, oferecendo 4.000 contratos de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com vencimentos em 1º de junho e 1º de setembro de 2015. Foram vendidos 300 contratos para 1º de junho e 3.700 para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 196,5 milhões.

    O BC realizou também mais um leilão de rolagem dos contratos de swap que vencem em 3 de novembro, com a venda de 8.000 contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 76% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.

    BOLSA

    A especulação eleitoral também fez com que a Bolsa registrasse a quarta baixa seguida na semana. Para Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, a Bolsa já começou a precificar a vantagem de Dilma nas pesquisa. "O mercado tenta antecipar esses fatos. Uma vantagem de seis, sete pontos percentuais nas pesquisas dificilmente vai dar para reverter nas urnas", afirma.

    "É como se os investidores estivessem precificando a vitória da Dilma, então as chances de haver uma queda brusca na segunda-feira diminuem", ressalta. "Se a disputa estivesse acirrada, poderia haver uma forte queda na segunda. Mas, como o mercado já começa a ver Dilma como favorita, está ajustando suas posições", diz Barbosa.

    A avaliação é a mesma de Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro&Stormer. "É muito provável que o mercado esteja tentando se antecipar à eleição de domingo. Não está mais acreditando que o Aécio vá se eleger. Com isso, vem caindo forte para, quando ela for reeleita, não cair tanto", afirma.

    Entre as ações, o chamado "kit eleitoral" registrou forte desvalorização na sessão. Os papéis do Banco do Brasil lideraram as quedas do Ibovespa e caíram 9,11%, a R$ 24,95. As ações preferenciais da Petrobras encerraram com queda de 7,22%, a R$ 15,41, enquanto as ordinárias caíram 6,23%, a R$ 15,05.

    As ações preferenciais da Eletrobras fecharam o dia com desvalorização de 4,64%, a R$ 8,64. Já as ordinárias tiveram queda de 6,71%, a R$ 5,70.

    As ações da Vale subiram no pregão, após a empresa divulgar que registrou a melhor performance de produção da sua história no terceiro trimestre deste ano, com a extração de 85,7 milhões de toneladas de minério de ferro, conforme informou a mineradora nesta quinta-feira.

    O volume, excluindo a produção atribuível à Samarco, foi 3,1% superior ao registrado entre os meses de julho e setembro de 2013 e 7,9% acima da produção do segundo trimestre deste ano, que havia sido o melhor resultado para os meses entre abril e junho de sua história.

    As ações preferenciais da Vale encerraram o dia em alta de 1,90%, a R$ 23,62. Já os papéis ordinários tiveram valorização de 1,83%, a R$ 27,25.

    "O que ajudou a frear a queda hoje foi o exterior, onde as Bolsas subiram, o setor de siderurgia e a Vale. As exportadoras, que produzem fluxo de caixa em dólar, também tiveram desempenho bom", afirma Wolwacz, da Leandro&Stormer.

    O refúgio de investidores em exportadoras já era esperado, na opinião de Sandra Peres, analista-chefe da Coinvalores. "A busca por esses ativos aumenta dentro do cenário de pessimismo em relação à economia nacional. Com isso, o investidor busca empresas que não dependem do governo", ressalta.

    Folhainvest

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