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    Ipea contradiz Fazenda e diz que há recessão técnica

    DE BRASÍLIA

    24/10/2014 02h00

    Em boletim de conjuntura divulgado em seu site, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) considerou que o fraco desempenho recente da economia brasileira não pode ser atribuído ao que chama de "choques negativos", como uma crise externa, um apagão ou uma variação brusca de preços.

    Para o Ipea, os dois trimestres seguidos de queda do PIB neste ano -que o órgão não hesita em classificar como um quadro de recessão técnica- refletem desaceleração do consumo e do investimento resultantes do menor crescimento da renda, da perda de ritmo do crédito e da perda de confiança dos empresários.

    Editoria de arte/Folhapress

    "A inexistência de culpados óbvios -isto é, de "choques negativos" de grande monta- torna ainda mais significativo o fenômeno da estagnação econômica recente", diz o boletim, preparado pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas.

    A avaliação do Ipea, que é ligado à Presidência da República, contradiz discurso do governo, que tem ressaltado o cenário externo adverso ao justificar a fraca atividade econômica doméstica.

    O ministro Guido Mantega (Fazenda) também descarta o selo de recessão para classificar os dois trimestres de queda (de janeiro a junho), uma vez que não há aumento do desemprego.

    O Ipea ressalta, de fato, que, ao contrário do que ocorreu em outros momentos de recessão técnica, desta vez a desaceleração econômica recente tem ocorrido de forma gradual, com o desemprego em níveis recordes de baixa e a inflação e o deficit externo sem risco de descontrole.

    "As qualificações mencionadas, porém, não significam que os atuais desafios da economia sejam menores ou mais simples", alerta o Ipea, acrescentando que o baixo crescimento do PIB tende a piorar gradualmente a situação do mercado de trabalho e a comprometer as contas do governo.

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