O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, encorajou os líderes da zona do euro, em um encontro nesta sexta-feira (24), a fazer um esforço conjunto combinando reformas estruturais, investimento, disciplina orçamentária e estimulando a demanda para evitar "uma recaída para a recessão".

Um porta-voz do BCE, lendo trechos das declarações de Draghi, disse que ele insistiu que as regras de orçamento da União Europeia deveriam ser mantidas de forma crível para ancorar a confiança do mercado nos 18 países da região, enquanto as nações com posição orçamentária saudável deveriam considerar estimular a demanda para impulsionar o crescimento.

"Em 2011, 2012, nós evitamos o colapso do euro em um esforço conjunto. Agora, nosso foco deveria ser novamente agir em conjunto para evitar uma recaída para a recessão", disse Draghi.

	Ye Pingfan/Xinhua
	Presidente francês, François Hollande, e presidente do BCE, Mario Draghi, antes de reunião da UE

CRONOGRAMA

Ele pediu que todos os governos da zona do euro apresentem um cronograma nacional para reformas estruturais econômicas até a próxima reunião da UE, nos dias 18 e 19 de dezembro.

Para Draghi, o BCE está pronto para usar outras medidas não convencionais caso seja necessário atingir o objetivo de estabilidade de preços.

Ele expressou preocupação com relação aos possíveis efeitos da inflação baixa por tempo prolongado nos salários e definição de preços, mas não usou o termo "deflação", disse o porta-voz.

TÍTULOS

No começo desta semana, o BCE anunciou que iniciou a comprar títulos cobertos, fazendo um novo esforço para reanimar a economia da zona do euro e evitar a deflação.

Títulos cobertos são dívidas lastreadas em ativos como blocos de apartamentos ou edifícios comerciais, e 90% do mercado está baseado na Europa, especialmente na Dinamarca, Alemanha, Espanha, França e Suécia.

A instituição já deu aos bancos a oportunidade de tomar empréstimos de quatro anos e também começará a comprar empréstimos securitizados ou títulos lastreados em ativos (ABS, na sigla em inglês) ainda neste ano, tendo já cortado sua principal taxa de juros para quase zero.

Ao tirar esses títulos do balanço patrimonial dos bancos, o BCE espera instigá-los a emprestar mais livremente, o que é crucial para a economia da zona do euro, que depende amplamente de financiamento bancário.

O BCE também começará a comprar ABS em algum momento no quarto trimestre, informou a autoridade monetária neste mês, e oferecerá outra rodada de empréstimos de quatro anos a taxas baratas em dezembro

A instituição espera que essas medidas melhorem as condições de financiamento e gerem efeitos positivos em outros mercados, o que deve ajudar a levar a inflação para perto de 2%.

A inflação anual na zona do euro ficou em 0,3% em setembro permanece no que o presidente do BCE, Mario Draghi, tem chamado de "zona de perigo" de abaixo de 1% há quase um ano.