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    Chineses lançam novo banco de desenvolvimento na Ásia

    MARCELO NINIO
    DE PEQUIM

    25/10/2014 02h00

    A China e outros 20 países lançaram nesta sexta-feira (24) as bases para a criação de um novo banco internacional de desenvolvimento, mais uma iniciativa de Pequim para contrabalançar o poder dos Estados Unidos em instituições multilaterais como o Banco Mundial.

    A assinatura do memorando de entendimento, realizada em Pequim, não contou com algumas das principais economias da região, como Indonésia, Coreia do Sul, Austrália e Japão, em meio a uma campanha do governo americano contra o projeto.

    A previsão é que o Baii (Banco Asiático de Infraestrutura e Investimento) comece a operar no fim de 2015, com um capital inicial de US$ 50 bilhões, podendo chegar a US$ 100 bilhões. Como país de maior PIB, a China será a principal acionária do banco, seguida da Índia. A sede da instituição será em Pequim.

    A ausência de países desenvolvidos na fundação do banco frustrou a China. O país apostava principalmente na adesão da Austrália, grande parceiro comercial, que depende da venda aos chineses de seus recursos naturais. Segundo a imprensa australiana, o premiê do país, Tony Abbot, foi dissuadido de entrar no projeto num telefonema do secretário de Estado dos EUA, John Kerry.

    A Coreia do Sul, outro aliado de Washington, decidiu ficar fora da fundação do banco, mas afirmou que poderá participar caso os padrões internacionais sejam seguidos, em temas como o impacto ambiental dos projetos financiados pelo Baii.

    FINANCIAMENTO DE INFRAESTRUTURA

    O objetivo do banco é oferecer financiamento da infraestrutura necessária para manter o crescimento da região, como estradas, ferrovias, centrais elétricas e redes de comunicação. Segundo o BDA (Banco de Desenvolvimento da Ásia), há espaço de sobra para novas iniciativas como o Baii, já que a escassez de financiamento para infraestrutura na Ásia é estimada em US$ 8 trilhões.

    O líder chinês, Xi Jinping, destacou a importância da infraestrutura para o crescimento econômico da região e disse que o estabelecimento do novo banco asiático ajudará a "melhorar a governança financeira global". Xi também respondeu à insinuação dos EUA de que o novo banco não será capaz de manter padrões internacionais.

    "A operação precisa seguir regras multilaterais", afirmou Xi. "Também temos que aprender com o Banco Mundial, o Banco de Desenvolvimento da Ásia e outras instituições de desenvolvimento multilaterais suas boas práticas."

    SEM COMPETIÇÃO

    Autoridades chinesas asseguram que o novo banco será criado para complementar as atuais instituições, não competir com elas. O ministro das Finanças chinês, Lou Jiwei, disse que o principal foco do Baii será infraestrutura, enquanto que o Banco Mundial e o BDA priorizam a redução da pobreza.

    O presidente do BDA, Takehiko Nakao, rejeitou a afirmação, reiterando que a maior parte do financiamento da instituição vai para obras de infraestrutura. País dominante no BDA, o Japão afirmou que não irá aderir ao projeto capitaneado pela China porque não vê necessidade de mais um banco de desenvolvimento na Ásia.

    O Baii é mais uma investida da política chinesa de usar seu poder econômico para ampliar a influência em países em desenvolvimento. Em julho, a China participou da criação do banco dos Brics, junto com Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.

    Neste, como no novo banco asiático, a China também queria entrar com mais capital para ser a principal acionária, mas os demais países não aceitaram e ficou decidido que todos teriam cotas iguais. Mas a China também ficou com a sede do Banco dos Brics, que será em Xangai.

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