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    Consultoria prevê crescimento baixo para o Brasil até o fim da década

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    29/10/2014 14h18

    O crescimento econômico do Brasil não deve passar de 2,6% até o fim da década. A previsão é da Economist Intelligence Unit (EIU), consultoria ligada à revista britânica The Economist.

    Embora com uma leitura pessimista sobre o Brasil no segundo mandato de Dilma –que considera que será "mais do mesmo"–, a consultoria tem uma previsão para 2015 maior do que a de analistas brasileiros.

    Para a EIU, o Brasil deve crescer 1,4% no ano que vem. A previsão central de cerca de 100 analistas do país, ouvidos semanalmente pelo Banco Central, é que o PIB deve crescer 1%.

    A consultoria estima que a inflação, no primeiro ano do segundo mandato da presidente, feche o ano acima do teto da meta do governo– que é de 4,5%, com tolerância até 6,5% ao ano. Para a EIU, o IPCA deve encerrar 2015 com alta de 6,7%. A inflação só deve voltar a ficar abaixo de 6% no ano de 2017 e não deve voltar ao centro da meta até 2019.

    A previsão da consultoria é que o dólar siga em trajetória moderada, fechando 2015 aos R$ 2,40 –abaixo, portanto, da cotação atual. No cenário futuro traçado pela consultoria, o dólar deve chegar a R$ 2,60 ao fim de 2017 e a R$ 2,70 em 2019.

    INVESTIMENTOS

    Segundo Irene Mia, diretora para a América Latina da EIU, o Brasil tem desafios pela frente, uma vez que o país vai disputar com concorrentes, como o México e outros emergentes, o dinheiro de investidores globais. Essa disputa ficará mais acirrada nos próximos anos, diz ela, e os investidores ficarão mais seletivos quanto onde alocar seus recursos.

    Por isso, é necessário melhorar os fundamentos da economia, para que o país consiga destravar seu crescimento.

    A moderação da expansão é um dos fatores que também preocupam as agências de classificação de risco. O Brasil já teve sua nota cortada pela S&P. Ela serve como uma espécie de atestado de que é seguro investir no país.

    DÍVIDA

    Outras agências (Moody's e Fitch) estão atentas às propostas do governo, agora reeleito, para resolver problemas, principalmente sobre a restrição fiscal. Sem crescimento, a arrecadação de impostos do país também enfraquece. Os gastos, porém, não cedem, principalmente os que são ligados à Previdência Social, uma das principais fontes de despesa do governo.

    A dívida bruta do Brasil, ressaltou Mia, é mais elevada do que a de países como o México e a Rússia. O Brasil, porém, tem reservas em dólares expressivas, que representam mais de duas vezes das necessidades de financiamento externo.

    "Pelos indicadores econômicos apenas, a situação do Brasil não é tão mal assim. Mas a avaliação das agências não depende só disso, depende também da percepção dos mercados. E os mercados querem saber se o governo vai mudar a política econômica", afirmou.

    A avaliação da EIU é que a atual gestão da economia está produzindo crescimento baixo e inflação alta.

    A consultoria organizou um evento com jornalistas nesta quarta-feira (29), em São Paulo. A EIU está abrindo um escritório no Brasil.

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