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    Volatilidade e resultados corporativos ruins derrubam Bolsa; dólar cai

    DE SÃO PAULO

    29/10/2014 17h59

    Em mais um dia marcado pela expectativa em relação aos nomes do primeiro escalão da economia do novo governo de Dilma Rousseff (PT), a Bolsa brasileira fechou o pregão em queda de 2,45%, com o Ibovespa, seu principal índice, marcando 51.049 pontos no fechamento.

    Com a queda, a Bolsa passou a ficar negativa no ano, com 0,88% de perda acumulada desde o início de 2014.

    Além do que já está sendo chamado de "terceiro turno das eleições" por alguns agentes de mercado, resultados corporativos ruins e a decisão do comitê de política monetária do Federal Reserve (o BC dos EUA), que confirmou nesta quarta-feira (29) o fim de seu programa de compra de títulos do Tesouro, uma das ferramentas utilizadas para estimular a economia, colaboraram para o dia negativo.

    O dólar comercial, que chegou na mínima do dia à casa dos R$ 2,42, fechou cotado em R$ 2,468, baixa de 0,24%. A queda arrefeceu após a divulgação do Fed. A cotação é a usada para transações do comércio exterior.

    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou as negociações cotado em R$ 2,4471, queda de 1,3%. O real foi a moeda de emergentes que mais s desvalorizou no dia, em uma cesta com 24 divisas, segundo dados compilados pela Bloomberg.

    Adicionalmente, a Usiminas divulgou nesta quarta-feira que teve prejuízo no 3º trimestre e os investidores se dividem entre perspectivas de lucro e prejuízo para o resultado da Vale, que será anunciado amanhã (30).

    Na avaliação de Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest, a volatilidade observada antes das eleições não desapareceu por não haver, mesmo com as eleições decididas, nada definido.

    "Quais medidas serão tomadas pelo governo, quem serão as pessoas no Ministério da Fazenda, no Banco Central, porque tem gente dizendo que pode haver mudança no BC, enfim, há uma série de pontos de interrogação na cabeça dos investidores que aguça essa volatilidade", afirma.

    AÇÕES

    Os papéis preferenciais da Usiminas, que têm prioridade no recebimento de dividendos, foram os de maior queda no Ibovespa no pregão desta quarta-feira: -8,07%, para R$ 5,47.

    As ações do Santander, que amanhã realiza o leilão de compra de ações dentro de sua OPA (Oferta Pública de Aquisição), apareceram com a segunda maior queda, de 6,91%, para R$ 14,91.

    Os papéis ordinários da Petrobras recuaram 6,75%, para R$ 13,53, e os preferenciais, mais negociados, caíram 6,72%, para R$ 14,02. Além das especulações políticas, a estatal soltou comunicado ao mercado dando conta de que não há reajuste de combustíveis decidido, o que desagradou aos investidores.

    Outra empresa com forte queda foi a Vale do Rio Doce, que divulga seus resultados amanhã. Segundo Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, os analistas estão divididos quanto à estimativa de resultado da mineradora, se será prejuízo ou lucro.

    Os papéis preferenciais da Vale caíram 5,17%, para R$ 21,46, e os ordinários recuaram 5,28%, para R$ 24,76.

    Na ponta positiva, apareceram elétricas. As ações que mais subiram no dia no Ibovespa foram as da Tractebel (+3,57%, para R$ 33,40), da CPFL (+1,86%, para 18,11) e da Eletrobrás (+1,41%, para R$ 5,75)

    O volume financeiro do dia foi de R$ 7,2 bilhões, abaixo da média de R$ 11 bilhões do mês.

    DÓLAR

    Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, havia certo "exagero" na formação da taxa do dólar devido à instabilidade eleitoral e agora o mercado está procurando um ponto de equilíbrio para a cotação.

    Em sua visão, os R$ 2,56 alcançados pelo dólar comercial na segunda-feira refletiam o "custo do desespero" com a eleição de Dilma Rousseff (PT). "Aí o mercado tirou esse desespero e o preço foi se acomodando com as notícias do novo governo, a Dilma acenando com diálogo."

    Mas o anúncio do Fed, segundo ele, pegou alguns investidores sem preparo. "Havia corrente avaliando que não haveria esse corte agora, que o Fed ia postergar o fim dos incentivos", afirma.

    A decisão do Fomc (comitê de política monetária do Fed, o BC dos EUA) de encerrar o programa de compra de títulos para estimular a economia, influiu na cotação do dólar no final dos negócios, amenizando uma queda maior registrada ao longo do dia.

    Um eventual aumento nos juros deixa os títulos do Tesouro americano, considerados de baixíssimo risco, mais atraentes aos investidores estrangeiros do que aplicações nos mercados emergentes. Há um receio de que, com tal decisão, haja uma fuga de recursos dos emergentes para os EUA.

    Com isso, haveria menor oferta de dólares nesses países, o que, se concretizado, deve pressionar para cima a cotação da moeda americana.

    O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 swaps cambiais (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,7 milhões.

    A autoridade monetária também promoveu um novo leilão para rolar o vencimento de 8.000 contratos de swaps cambiais que expirariam em 3 de novembro, por US$ 393,2 milhões.

    Folhainvest

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